Golpe de 64: esquecer jamais, resistir sempre! APLB presente na Marcha do Silêncio em defesa da Democracia

Golpe de 64: esquecer jamais, resistir sempre! APLB presente na Marcha do Silêncio em defesa da Democracia

Em defesa da Democracia! Parte da direção da APLB-Sindicato esteve presente na Caminhada do Silêncio, na tarde da última segunda-feira (01/04), junto com a CTB e outras entidades sindicais. O evento ocorreu em memória aos 60 anos da Ditadura Militar brasileira. A Marcha do Silêncio partiu da Praça da Piedade e percorreu a Avenida Joana Angélica, chegando ao monumento aos mortos e desaparecidos da Ditadura Militar, no Campo da Pólvora. O protesto foi  feito sem palavras,  ao som de um surdo, com faixas, cartazes e fotos das vítimas empunhadas, além de flores, tochas e cruzes. Esquecer jamais, resistir sempre!

 

 

60 anos do Golpe de 64: impossível esquecer

por Tatiana Carlotti

Fonte: https://jornalggn.com.br/

Sessenta anos depois do golpe de 1964, graças à farta produção bibliográfica, fílmica e artística, que vem sendo tecida por um amplo coletivo de pessoas, é praticamente impossível calar a verdade histórica sobre a ditadura militar. E neste 2024, ela ecoa ainda mais retumbante após os dez últimos anos de instabilidade democrática que vivemos no Brasil. Neste sentido, “Por trás das chamas: mortos e desaparecidos políticos – 60 anos do golpe de 1964”, com lançamento previsto para o próximo 15 de abril, é leitura obrigatória.

Um livro “de intervenção política e pedagógica”, explicam seus autores, o ex-ministro dos Direitos Humanos e atual chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda; o jornalista Carlos Tibúrcio, ex-Coordenador da Equipe de Discursos dos Presidentes da República, Lula e Dilma; e o poeta Pedro Tierra (Hamilton Pereira), ex-Presidente da Fundação Perseu Abramo e autor de vários livros.

Por trás das chamas apresenta nove histórias sobre a luta contra a ditadura militar, entre elas, um relato contundente das práticas efetivamente nazistas dos agentes da repressão que, além das torturas e assassinatos cometidos na Casa da Morte em Petrópolis, esquartejavam os corpos dos militantes para incinerá-los na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes.

O livro também recupera nos Anexos essa farta bibliografia, filmografia, peças de teatro, gráficos estatísticos e homenageia os advogados que enfrentaram a ditadura, incluindo as recomendações ao Estado brasileiro feitas pela Comissão Nacional da Verdade. Da pesquisa para o livro, que tive o privilégio de realizar ao lado do cientista social Alexandre Souza, segue no final deste artigo uma listagem de 150 biografias e autobiografias dos nossos heroicos combatentes. Uma pequena homenagem aos que protagonizaram a luta pela liberdade de que hoje usufruímos.

60 anos de impunidade

No documentário de Camilo Tavares, Um dia que durou 21 anos, é possível ouvir as conversas telefônicas do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, mentindo descaradamente para o presidente norte-americano Lyndon Johnson (1963-1969) sobre a ameaça comunista no governo Jango.

João Goulart, em meio as turbulências políticas que visavam impedir seu governo, acenava à população um conjunto de reformas estruturais (agrária, educacional, fiscal, eleitoral, urbana e bancária) que ainda nos instigam a pensar que país seríamos caso fossem realmente implementadas.

Como a nossa, sucessivas democracias foram derrubadas no continente americano, através do conluio entre elites locais e a “maior democracia do mundo”. Em 1954, eram derrubados os governos democráticos do Paraguai e da Guatemala. Nos anos 60, os da Argentina (1962), do Brasil (1964), da Bolívia (1964). Nos 70, as democracias do Chile e Uruguai (1973), novamente da Argentina (1976) e várias outras.

Em Utopia Tropical, documentário em cartaz de João Amorim, o diplomata Celso Amorim e o intelectual Noam Chomsky travam uma longa conversa sobre a interferência estadunidense na vida política dos países do continente. Uma verdadeira aula de geopolítica que nos ajuda a enxergar os movimentos de aproximação e de distanciamento com o golpismo das elites não só em 1964, mas também em 2016, 2018 e 2022.

No maior país do continente, com recursos abundantes, mão de obra barata, mercado consumidor forte e um governo ansioso para fechar sindicatos e assassinar opositores, não espanta que gigantes como a Volswagem, Ford e a General Motors, contaminadas pelo sadismo de figuras como Henning Albert Boilesen, então presidente do Grupo Ultra, financiassem a criação em 1969 da Operação Bandeirantes (Oban).

Uma questão de Estado

Que a coragem das mulheres suplanta a dos homens parece uma determinante histórica. Foi preciso uma Dilma Rousseff, ex-combatente política e ex-presidente da República entre 2011 e 2016, para que fosse instalada em 2012 no país uma Comissão Nacional da Verdade.

Dois anos antes, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) haviam negado a revogação da Lei de Anistia de 1979. Impedida, portanto, de punir os responsáveis, a CNV começou os trabalhos e dois anos depois, em 2014, apresentou um calhamaço com mais de 6 mil páginas, o mais completo documento-denúncia das atrocidades cometidas no período.

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