Estados Unidos e Cuba restabelecem relações diplomáticas

Estados Unidos e Cuba restabelecem relações diplomáticas

Os EUA vão reabrir a embaixada americana em Cuba. Cuba se comprometeu a abrir o país para organizações internacionais, como a ONU.

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, anunciaram, nesta quarta-feira (17), o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Além disso, Obama prometeu intermediar, junto ao congresso americano, a derrubada do embargo econômico à ilha cubana. O anúncio aconteceu após 53 anos de ruptura entre os países.

“Na mudança mais significativa em mais de 50 anos, vamos encerrar uma estratégia que há décadas falhou em atingir os resultados desejados. Em vez disso, vamos começar a normalizar as relações entre os nossos países”, disse Obama. O presidente até falou em espanhol: “Todos somos americanos”.

O sinal de que a retomada nas relações diplomáticas estava próxima veio poucas horas antes. Cuba libertou Alan Gross, um americano preso há cinco anos. E também um cubano que trabalhou como agente secreto para os Estados Unidos e estava preso na ilha há 20 anos. Em troca, a Casa Branca ordenou a libertação de três cubanos presos por espionagem. Foi um dia histórico.

A decisão, divulgada no dia do aniversário de 78 anos do papa Francisco, contou com apoio do pontífice e também do Vaticano. Segundo Obama, o papa pressionou pela liberação de Gross. No pronunciamento, Castro agradeceu pelo apoio do Pontífice.

Em comunicado divulgado após o anúncio, o Vaticano informou que o Papa Francisco ficou “fortemente satisfeito pela histórica decisão”. Segundo a Santa Sé, o pontífice escreveu a Barack Obama e Raúl Castro nos últimos meses e os convidou a dar início a uma nova fase de relações.

“A Santa Sé continuará apoiando as iniciativas que as duas nações empreenderão para crescer nas relações bilaterais e favorecer o bem-estar de seus respectivos cidadãos”, disse o Vaticano, em nota.

Bloqueio – Estados Unidos e Cuba não se relacionavam desde 1962. O embargo econômico é renovado anualmente pela Lei de Comércio com o Inimigo e, a partir de 1963, também pela Regulação de Controle dos Bens Cubanos.

O embargo tem impedido trocas comerciais entre os dois países. Com uma lei de 1992 e outra de 1996, os EUA proíbem, por exemplo, envio de alimentos à ilha caribenha e torna possível a punição judicial a empresas nacional e estrangeiras que tenham relações financeiras com Cuba.

Além disso, os americanos precisavam de licença de viagens para ir a Cuba. O governo de Barack Obama, no entanto, havia reduzido as restrições, em 2009, para programas acadêmicos, religiosos ou culturais.

Nos últimos anos, o governo de Barack Obama tinha começado a afrouxar algumas das restrições. Americanos já conseguiam viajar a Cuba com alguma facilidade se fosse para atividades religiosas ou jornalísticas, por exemplo.

Nesta quarta-feira (17), os dois presidentes lembraram que, apesar da reaproximação, o embargo econômico continua em vigor.

“Concordamos em restabelecer as relações diplomáticas, mas isso não significa que todas as principais questões estejam resolvidas”, disse o presidente cubano. “O bloqueio econômico, comercial e financeiro, que causa prejuízos econômicos e humanos enormes ao nosso país, tem que acabar”, concluiu.

Obama explicou que o embargo está definido em leis e só o legislativo tem o poder de mudá-las. “Estou ansioso para envolver o Congresso em um debate honesto e sério sobre o fim do embargo”, disse.

Enquanto isso, o presidente anunciou que vai facilitar as viagens de americanos para Cuba, desde que não sejam a turismo.

Entre as outras novidades, Obama disse que americanos vão poder usar cartões de crédito e de débito na ilha. E que vai reabrir a embaixada americana no país. Estados Unidos e Cuba vão trabalhar juntos em questões como combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas.

Cuba se comprometeu a abrir o país para organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha. E a oferecer mais acesso à internet para a população. O governo de Raul Castro também vai libertar 53 prisioneiros, considerados, pelos americanos, presos políticos.

Barack Obama e Raul Castro se falaram na terça-feira (16), por telefone, durante 45 minutos, sobre a reaproximação. Foi a primeira conversa entre um líder americano e um cubano em 55 anos. Mas a costura desse acordo envolveu ainda um terceiro chefe de Estado: o do Vaticano. Tanto Obama quanto Castro reconheceram o papel fundamental do Papa Francisco, que vinha cobrando deles uma solução para o velho problema entre os dois países.

Fonte: G1 e site do PT

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