Cursos de formação de professores deve ser revisto

A professora Oílza Mendes, 43, há mais de dez anos dá aulas de matemática em escolas estaduais para alunos do ensino médio e  fundamental. Bacharel em ciências contábeis desde 1992, Oílza está fazendo um curso de formação de professores: um curso de formação à distância, já que reside em Feira de Santana.

Mas os assuntos dados em algumas disciplinas não estão sendo devidamente aprendidos. Pelo menos é o que ela conta. “Outro dia eu falei lá: que faz de conta é esse que a Unifacs e o Estado fingem que ensinam e a gente finge que aprende?”, disse Oílza, um dos 639 alunos do curso de educação à distância para formação de professor em matemática oferecido pela Universidade Salvador (Unifacs) em parceria com o Estado da Bahia.

Oilza admite severas dificuldades no apendizado do que ela chama de “matemática pura”. “Trigonometria mesmo já está no final e eu assumo: hoje, não tenho a menor condição de dar uma aula desse assunto”, confessa Oilza, que assegura não estar sozinha. “Oitenta por cento da turma perde ou fica em prova final, ou perde na final e tem repescagem”, alerta.

Para Oílza, além da difiuldade de aprendizado dos professores interferir diretamente na qualidade do ensino para os alunos, deve-se levar em conta ainda o investimento do Estado com o curso. “E o gasto que o governo tem? Quando vamos para Salvador, ele é quem paga tudo”. Duas vezes por semestre, os cursistas têm aulas e fazem avaliações em Salvador.

Segundo a chefe de gabinete do Instituto Anísio Teixeira, Tatiana Sena, 20% das aulas são presenciais, e o curso conta com ferramentas como chats, fóruns e videoconferências. Para ela, o problema não está nas aulas à distância e sim na área de conhecimento. “Todos os cursos de exatas apresentam mais dificuldades que os da área de humanas. Por isso, estamos discutindo com as instituições para elaborar estratégias que visem minimizar estas questões”.

Tatiana aponta outro problema do curso: “As universidades públicas deveriam ser privilegiadas, o que não significa que não possa haver parcerias com as particulares”. Dos três cursos de graduação à distância para formação de professores, todos estão vinculados com universidades particulares: dois com a Unifacs (matemática e letras) e um com a PUC-RJ (história) – todos estabelecidos na gestão anterior.

Quanto aos resultados, só em 2008. “A primeira turma forma agora. Ainda não temos nenhuma avaliação do Ministério da Educação”. Enquanto isso, Sena garante que os contratos estão sendo revistos – o pedagógico e o financeiro. “A Unifacs já se comprometeu a apresentar uma proposta de intervenção para antes do próximo semestre. Seria algo semelhante a um reforço”.

As providências estão por vir. E, já que se reconhece a dificuldade destas disciplinas, que venham logo para que Oílza possa fazer o que realmente quer: “Eu quero dar aula com competência. Eu sou competente em ciências contábeis e quero ser em matemática”.

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