O ano de 2017 marca o centenário da Revolução Russa, grande legado das forças democráticas e revolucionárias que têm como horizonte o socialismo. A Revolução de Outubro foi o instrumento utilizado para que, pela primeira vez, os trabalhadores chegassem ao poder, dando início à construção de uma outra sociedade, que despontasse para o fim da exploração do homem pelo homem.
A revolução liderada por Vladimir Lênin foi o marco de todo um século, gerando nova perspectiva e muita esperança a milhões de russos e aos povos de todos os cantos do planeta, fartos da guerra, da miséria generalizada e da dominação imposta pelo imperialismo. Iniciava-se ali um novo ciclo, dando-se vez e voz às mulheres, aos povos coloniais e aos negros. Aliás, a Revolução permitiu que fossem criadas melhores condições para o fortalecimento da democracia e dos direitos sociais no próprio mundo capitalista.
Nesse primeiro centenário, que tanto desperta o saudosismo, mas que também serve para reflexão e a autocrítica dos que pretendem uma outra sociedade – justa, democrática e socialista -, não foram poucos os ataques ofertados pela grande mídia à Revolução Bolchevique, aos partidos socialistas e comunistas, de todo o mundo, e aos grandes líderes soviéticos. Tentaram, por repetidas vezes, macular a imagem daquela revolução, apresentando-a sempre como algo negativo e de triste história. Jornais e noticiários de diferentes países se apegaram aos erros e excessos cometidos por alguns e passaram a apresentar o socialismo como um sistema totalitário e ditatorial, assemelhado ao nazismo, como se representasse um planetário de crimes e erros. Nada mais torpe!
Cabe à história defender o legado da Revolução Russa e o seu papel progressista na modernidade. Afinal, de 1917, quando a Rússia czarista, com população majoritariamente camponesa, era dos países mais atrasados da Europa e sua gente estava condenada à miséria e ao analfabetismo, até o período pleno do socialismo soviético, não foram poucas as mudanças sofridas. Sob o socialismo, a Rússia se transformou num país moderno e socialmente avançado. Em poucas décadas se tornou a segunda maior potência planetária, fazendo frente aos EUA. O desemprego, a fome e a miséria foram superados. A expectativa de vida cresceu significativamente, ao tempo em que o mortalidade foi reduzida de forma drástica. O planejamento econômico, a reforma agrária e a criação de um sistema de saúde e previdenciário com grande musculatura jogou o país em novo patamar desenvolvimentista. Houve também uma grande revolução educacional, eliminando-se o analfabetismo e incorporando setores operários e camponeses ao ensino técnico, profissionalizante e superior, numa escala jamais observada em qualquer outro país.
Os efeitos positivos da Revolução Russa ultrapassaram as fronteiras soviéticas e se alastraram por todos os continentes. Uma onda socialista passou a influenciar o proletariado mundial. Os parlamentos de diversas nacionalidades ficaram mais cautelosos. O medo da “Onda Comunista”, por exemplo, contribuiu para que os deputados estadunidenses aprovassem a legislação dos direitos civis e políticos para os negros e que dezenas de milhares de sindicatos fossem fundados no planeta.
A derrota do exército nazista da Alemanha pela União Soviética representou a vitória da economia planejada, da igualdade, da fraternidade e da democracia sobre a economia de livre mercado, o racismo, o sexismo o chauvinismo e o colonialismo bélico. Assim, depois de 1945, o isolamento da URSS chegou ao fim. Os países bálticos e muitas nações do Leste Europeu tornaram-se aliados de primeiro hora. As revoluções específicas passaram a contar com grande retaguarda. O socialismo avançou pelo mundo.
No entanto, a crise marcada pela ofensiva imperialista, erros de condução, burocratização exacerbada e o crescimento da linha revisionista no seio do Partido Comunista Soviético acabou por criar uma situação desfavorável para as forças revolucionárias de todo o mundo. Na ultima década do século passado, os ideólogos da nova ordem mundial “decretaram” o fim da história e da luta de classes, o fim das ideologias e das utopias sociais. Nada mais falso!
A globalização sob a hegemonia do capital financeiro e especulativo tem centralizado a riqueza na mão de grupos cada vez menores. Jamais vimos tamanha concentração de riqueza nos bolsos de tão poucos. Enquanto isso, o crescimento da miséria e das injustiças sociais se dá de forma geométrica, inclusive nos países mais de desenvolvidos do mundo. A crise do capitalismo está aí, conduzindo a humanidade à barbárie e a um processo de degeneração ideológica, culminando com o surgimento e fortalecimento de correntes de extrema direita e de ideais fascistas. Assim, o caráter doentio e antissocial do capitalismo abre a perspectiva e a necessidade de retomada da luta pelo socialismo. Para isso, precisaremos – à luz do passado – aprender com nossos erros e acertos. Dessa forma, imprescindível é conhecer as experiências socialistas iniciadas com a Revolução Russa.
Viva o Centenário da Revolução Russa!
* Jorge Carneiro é professor, geógrafo, jornalista e diretor da APLB-Sindicato
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você uma experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar Todos”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações" para fornecer um consentimento controlado.
Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega. Os cookies categorizados conforme necessário são armazenados em seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Esses cookies serão armazenados em seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de desativar esses cookies, mas a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Os cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.
Os cookies de desempenho são usados para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.
Os cookies analíticos são usados para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas de número de visitantes, origem de tráfego, etc.