Quem foi Manuel Querino?
Artigo de Nivaldino Felix*
Neste momento quando estamos buscando reestruturar o Núcleo de Pensamento Anti-Racismo (Napar), que discute uma estrutura na luta contra o racismo e a intolerância, vamos aqui ressaltar a importância do homem negro que se destacou no fim do século XIX até o século XX.
Manuel Raymundo Querino nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 28 de julho de 1851. Morreu em Salvador, em 14 de fevereiro de 1923. Foi um dos mais brilhantes intelectuais negros. Com 18 anos se tornou militante da causa negra, foi designado para participar da guerra do Paraguai. Teve um papel destacado e ganhou a fama de notoriedade na área de desenho e arquitetura, onde ganhou vários prêmios.
Militante político, defendia as ideias republicanas e abolicionistas, além de ser um defensor intransigente da embrionária classe operária que brotava no Brasil. No bojo do regime escravista, ano de 1870, assinou um manifesto defendendo a República e o fim da escravatura. Quando vereador em Salvador, Manuel Querino foi contra as leis de exceções, medidas que prejudicavam os funcionários da Câmara Municipal. Esta postura contrariou os senhores do governo da província da Bahia, e isto lhe custou a reeleição. Voltou a sua condição de funcionário na Secretaria de Agricultura, por ser negro, mesmo com seu potencial intelectual, nunca teve uma promoção.
O primeiro livro publicado por Manuel Querino criticava as obras dos brancos, que não ressaltavam a contribuição que os negros deram para o país. Em seu livro “Raça Africana e seus Costumes”, faz diversas referências à contribuição dada pelos negros à sociedade brasileira, em todos os seus aspectos.
Manuel Querino naquele período já criticava a perseguição da polícia aos terreiros de candomblé da Bahia, onde os brancos rotulavam a religião como “barbárie”. Os discursos e a visão preconceituosa indignavam Manuel Querino.
Manuel Querino foi um homem negro que se comportou de uma forma extraordinária, corajosa e fantástica frente aos valores conservadores no cenário de uma sociedade ainda escravocrata. Ele deixou uma marca importante pela valorização das pessoas de origem africana no Brasil.
*Nivaldino Felix
Diretor de imprensa da APLB-Sindicato
Pesquisador, poeta e escritor