Qualidade da merenda escolar é questionada em sessão especial

Qualidade da merenda escolar é questionada em sessão especial

 Reginaldo Ipê

Especialistas da área cobram mais investimentos no alimento que é servido na rede municipal de ensino

Nutricionistas, estudantes e profissionais de saúde participaram, na manhã desta terça-feira (24), no plenário da Câmara Municipal de Salvador, de sessão especial que discutiu segurança alimentar no município. Os especialistas da área foram unânimes em destacar a necessidade de melhorar a qualidade da merenda que é servida aos alunos das escolas da rede soteropolitana.

No evento proposto pelo presidente da Comissão dos Direitos do Cidadão, vereador Everaldo Augusto (PCdoB), os nutricionistas também estiveram de acordo sobre a possibilidade de uma melhor conciliação entre uma merenda saudável e uma alimentação atrativa para as crianças e adolescentes.

“Sabemos que tem muita coisa errada, do ponto de vista nutricional, da higiene, dos espaços inadequados e da pouca atratividade da merenda. Queremos saber quem está lucrando com a queda da qualidade da merenda escolar no município. Se precisar, iremos ao Ministério Público do Estado da Bahia fazer esses questionamentos”, declarou Everaldo Augusto.

A presidente do Conselho Municipal de Alimentação Escolar (COMAE), Hercia Azevedo da Silva, revelou dificuldades no diálogo com a Secretaria Municipal de Educação.

“Nessa gestão e nas anteriores, nunca deram a importância devida ao COMAE. Enviamos vários documentos aos setores que executam o PNAE no município, incluindo o secretário da pasta [Guilherme Bellintani], para falar sobre a importância da melhoria da qualidade do alimento nas escolas, mas nunca recebemos o tratamento adequado. A questão da merenda escolar precisa ser discutida com toda a população”, alertou Hercia Azevedo.

A qualidade da merenda escolar em Salvador também foi questionada pelo vice-presidente do Conselho Municipal de Nutrição, Anderson Carvalho. Ele destacou a instituição do Programa de Alimentação Alimentar em 2009, através da Lei Federal nº 11.947, como “um marco que cumpre uma agenda importante para toda a sociedade”.

Diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Silvana Coelho, também alertou para a necessidade da merenda escolar. “Os nossos estudantes têm fome de quê? De merenda ou de educação?”, questionou.

Também participaram da sessão especial os vereadores Hilton Coelho (PSOL), Silvio Humberto (PSB) e Vânia Galvão (PT).

Privatização

A Comissão dos Direitos dos Cidadãos da Casa, através do presidente do colegiado, denunciou no dia 12 de abril deste ano a privatização que, segundo Everaldo Augusto, está sendo promovida no setor, sem a devida garantia de qualidade e participação do Conselho Municipal de Alimentação Escolar.

“A prefeitura fechou contrato no valor de R$ 13.779,932 com a empresa Nutri Plus, para fornecimento em 66 unidades, e estamos recebendo muitas queixas em relação à qualidade e à quantidade. Fomos informados que a merenda consiste, todos os dias, em mingau e biscoito. Sem o fornecimento de proteína, não atende às necessidades físicas e alimentares dos jovens e nem respeita as orientações do Plano Nacional de Alimentação Escolar”, afirmou.

Ele também citou uma vistoria realizada pelo Tribunal de Contas do Município junto com o Conselho, em março deste ano, quando foi constatado que a quantidade de alimentos armazenados era insuficiente. “Os estudantes estão passando fome e esta é uma constatação do Tribunal de Contas, que realizou vistoria no centro de distribuição e constatou que há uma precariedade na quantidade de alimentos para a rede, menos de 10% do total necessário.”, pontuou Everaldo Augusto.

Fonte: Secom da CMS

Parte do trabalho apresentado pela presidente do COMAE, professora Hercia Azevedo:

Comae - 1 Comae - 2

Comae - 3  Comae - 4

Comae - 5 Comae - 6

Comae - 7  Comae - 8

Você pode gostar de ler também: