NEGROS PALMARES – Poema e Artigo de Ceiça Moraes

NEGROS PALMARES – Poema e Artigo de Ceiça Moraes

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NEGROS PALMARES
Ter alma negra, ô meu irmão
É ter malícia, muito molejo
E a capoeira no coração.
Amor à arte
Arte é gingar
E o berimbau, saber tocar.
Fiz reverência ao mestre Nagô
Fiz reverência ao mestre Zumbi
Eu tenho o toque da capoeira
Gritando alto no coração.
Tombar aqui, tombar acolá
Levanta, negro! Não caia não!
Em Roda- Grande se batizar
São Bento Grande, te ajudar.
Capoeirista!
 Não sabe não?
É ter o toque no coração.
Capoeiragem, não é vadiagem
É reviver sua negritude
Reviver “o Rei dos Palmares”
Ter “malandragem” sim! Pra se defender
Se for possível, não atacar
“Deixa pra lá”
Se não tem jeito…
 Tem que atacar
Dá “uma benção” pra não esquecer
Que foi uma defesa de escravo humilhado
Quando feitor se dizia “endeusado”!
Reviver negros palmares
É reviver a Redenção
Saber “o Toque”… saber jogar
Treinar o “AÚ” pra se libertar
“Pulo-do-gato” … ou “bananeira”
“S Dobrado”… Meu Santo Amaro!
“Pulo Mortal”! Iê, não caia não!
“Ponte-pra-frente”… “Ponte-pra-trás”
“Ponte-voltando” Isso é demais!
Reviver a escravidão é reviver a redenção
Quem me ensinou foi o Mestre ZUMBI
Eu tenho o toque no coração!
EU TENHO O TOQUE NO CORAÇÃO!
Autoria: Ceiça Moraes Salvador (Ba),em 1996.
Homenagem ao Dia 20 de Novembro – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA – dia em que se comemora a morte de ZUMBI DOS PALMARES, personagem real da nossa história, que lutou até a morte, em favor da Liberdade do povo africano e afro-descendentes, injustiçados por conta de um sistema político-social injusto, ora existente no Brasil.
Esta homenagem se estende aos grupos afros do país e a todos os Zumbis, que lutam em prol de causas nobres para equalizar as oportunidades e vivem sofrendo, lutando, continuamente mobilizados na luta pelas mudanças com o propósito firme de tornar a nossa sociedade menos excludente e mais justa.
 (Ceiça Moraes, Salvador, 2013).

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