Trabalhadores em Educação participaram da caminhada pelo Dia da Consciência Negra

Os trabalhadores em educação de Salvador participaram da marcha do Movimento Negro na quinta-feira, 20 de novembro, data comemorativa à Consciência Negra. Nas praças Castro Alves e da Sé houve manifestações em homenagem a Zumbi dos Palmares.

 

O Núcleo de Pensamento e Ação Anti-Racismo (APAR), uma estrutura interna da APLB-Sindicato, lançado em 2005 com o propósito de criar políticas sociais que atendam os interesses da população negra, foi uma das entidades a liderar o movimento.

 

O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, é feriado em 364 municípios brasileiros. Em Salvador, ainda não. A data, lembra o dia em que foi assassinado, em 1695, o líder Zumbi, do Quilombo dos Palmares, um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão.

Em 1971, ativistas do Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, chegaram à conclusão de que 20 de novembro tinha sido a data de execução de Zumbi e estabeleceram-na como Dia Da Consciência Negra. Sete anos depois, o Movimento Negro Unificado incorporou a data como celebração nacional. Em 2003, a lei 10.639, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu a data como parte do calendário escolar brasileiro.

 

O 20 de novembro foi instituído como data de referência para o movimento em contraposição ao 13 de maio, quando foi decretada a abolição da escravatura, a chamada Lei Áurea, pela princesa Isabel, em 1888. O 13 de maio expressa, então, a celebração da generosidade de uma branca em relação aos negros, em vez de enfatizar a própria luta dos negros por sua libertação.

 

Leia a reportagem feita pela Tribuna da Bahia

Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008

Negros “zumbiaram” nas ruas pedindo reparação

Por Nelson Rocha

Com festa, reflexão e pedidos de reparação, o Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, foi comemorado ontem em Salvador. A data atraiu milhares de pessoas para dois atos públicos que marcaram a jornada de combate à discriminação, o preconceito, o racismo e a intolerância religiosa: A 29ª Marcha Zumbi dos Palmares, que com o tema ” 120 anos sem abolição” partiu no final da tarde do Campo Grande para a Praça Municipal, e a 8ª Caminhada da Liberdade, que saiu do Curuzu com destino ao Centro Histórico. Em ambas as manifestações imperou um clima de alegria e provocação que se estendeu pela noite ocupando ruas e mostrando a força e união do povo negro.
Faixas com palavras de ordem, potentes carros de som, distribuição de folhetos, camisetas, discursos que até exaltavam a vitória de Barack Obama, primeiro presidente negro eleito nos Estados Unidos, e convocava a população a eleger um chefe para a nação brasileira também afro descendente, marcaram as marchas, atos simbólicos e políticos que procurou revigorar a força que inspirou e ainda inspira, diversas conquistas sociais da população negra.
“O mundo comemora a eleição de Barak Obama que não ocorreu por acaso. Foi uma luta política intensa. No Brasil, se quiser que nós possamos conquistar semelhante feito dos Estados Unidos é preciso aplicar políticas afirmativas. Nós temos avançado bastante na luta pela igualdade racial no país e hoje o 20 de novembro está mais especial ainda por que a Câmara de Deputados aprovou simbolicamente o sistema de cotas nas universidades públicas, que passará a ser uma política de Estado à medida que o Congresso ratifique e o presidente Lula, com certeza absoluta vai sancionar essa Lei”, comentou o deputado federal Luiz Alberto (PT), enquanto aguardava o início da marcha no campo Grande.

Zumbi deu a vida por Palmares

O negro Zumbi foi assassinado em 20 de novembro de 1695, por não se render aos diversos ataques organizados contra Palmares, quilombo localizado na Serra da Barriga, região de Alagoas, e tornou-se símbolo de resistência contra a escravidão. Em 1978, durante a ditadura militar e numa tarde primaveril em Salvador, o Movimento Negro Unificado convocou uma assembléia. No entanto, os seus integrantes foram impedidos pela Polícia Federal de realizar a reunião, que inicialmente aconteceria na Associação dos Funcionários Públicos (Carlos Gomes) e depois foi transferida para o Teatro Vila Velha, onde um cordão policial de isolamento impediu o encontro “Terminamos nos reunindo no Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA), localizado no Corredor da Vitória, território branco europeu que nos recebeu. Naquele dia foi declarado o 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, que se transformou nesta grande referência de reflexão do racismo no Brasil”, recordou o deputado Luiz Alberto que na época participou da assembléia.
A 29ª Marcha Zumbi dos Palmares, que terminou com grande ato político e cultural na Praça Municipal, foi organizada pela Coordenação Nacional de entidades Negras, e homenageou as personalidades afro-descendentes Ana Célia, Raimundo Tição, Gregório Bonfim, Solano Trindade, Juliano Moreira e Dinha do Acarajé. Já a 8ª Caminhada da Liberdade, que movimentou o bairro do mesmo nome, promoveu uma concentração inicial na Senzala do Barro Preto, na sede do Ilê Ayiê e se inspirou no mote da campanha do presidente Barak Obama exibindo a frase “Sim, nós também podemos” em folhetos e faixas.

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