Querem criminalizar o pensamento crítico e a emancipação cognitiva!
Por Marcos Barreto*
Sem fundamento ou pesquisa pedagógica, o governo Bolsonaro quer retroceder a Educação brasileira ás práticas e conceitos medievais, seguindo os dogmas e crenças religiosas de seus colaboradores.
A ministra Damares Alves, dos Direitos Humanos, anunciou que o governo federal vai criar um canal para que pais de alunos possam denunciarprofessores que, durante as aulas, atentem “contra a moral, a religião e a ética da família”. Ela usa de uma retórica arcaica e, sem nenhum pudor, derrama sua ignorância sobre os fundamentos da educação, envergonhando os brasileiros de todas as tendências políticas.
Não menos macabro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, deveria ser demitido imediatamente ao se posicionar contra os princípios republicanos que norteiam o desenvolvimento do país. Todavia, enquanto continua no cargo, está promovendo o desmonte da educação pública brasileira, retirando recursos, perseguindo as universidades e institutos federais.
Fica claro que eles não têm um projeto político pedagógico para o país. E isso é gravíssimo!
Primeiro porque, como a expressão já afirma, precisamos elaborar as bases políticas e o modelo de sociedade que esperamos alcançar, promovendo a disseminação do conhecimento para todos, assim, poderemos superar desigualdades e corrigir injustiças sociais e econômicas. Segundo porque as pesquisas sobre ensino e aprendizagem mostram que as novas gerações aprendem num mundo interconectado, operando raciocínio sobre processos e não apenas sobre os resultados, e isso implica na necessidade de acesso a outros dados e informações para além dos dogmas religiosos defendidos pela já citada ministra.
Nossos estudantes precisam conhecer e considerar diversas linhas de pensamentos sobre o mesmo tema para, assim, aprenderem a resolver problemas do mundo contemporâneo, que hoje é movido pelas inteligências artificias e automação, e pela interface biocibernética. Para isso, precisam estudar a literatura acumulada pela humanidade e os aspectos culturais de sua comunidade, sua história, desafios e perspectivas locais e globais.
O acesso á ciência e tecnologia abrange todas as áreas do conhecimento, nas ciências humanas, naturais e exatas. Se não aprender com a mediação da escola e do professor, ou será colocado a margem da sociedade por ausência de certificação, ou procurará outros meios que não garantem a progressão esperada para o sua integração social, econômica e política.
Perseguir o professor, abrindo um “canal de denuncias” é uma tentativa de criminalizar o pensamento crítico e a emancipação pedagógica, cognitiva e política dos nossos jovens cidadãos em formação.
Perseguir o professor é condenar o país ao ostracismo educacional.
Marcos Barreto é diretor de Imprensa e Divulgação da APLB-Sindicato, Pedagogo, Psicopedagogo e Psicomotricista, Conselheiro Municipal de Educação de Salvador, Conselheiro do Fundo de Previdência de Salvador, Professor Municipal de Salvador*