Quase 10 milhões de estudantes estão em escolas públicas sem condições básicas de infraestrutura, aponta estudo
Levantamento exclusivo, obtido pelo Jornal Hoje, foi feito pelo Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa, entidade que congrega os Tribunais de Contas Brasileiros com base nos dados do último Censo Escolar.
De acordo com o estudo, 6,1 milhões alunos (26,91%) das redes municipais de ensino e 3,7 milhões (24,73%) das redes estaduais estão matriculados em escolas que apresentam ao menos um problema de infraestrutura que dificulta o cumprimento dos protocolos de segurança para o enfrentamento da pandemia.
Foram analisadas informações de 137,7 mil escolas e de 38 milhões de estudantes. O levantamento apresenta os seguintes dados extraídos do Censo Escolar 2020: conexão à internet e acesso a redes de esgoto, energia e água potável.
Os dados obtidos nesse levantamento foram encaminhados aos Tribunais de Contas para ações de controle de fiscalização.
Por conta desses fatores, muitos pais tem preferido deixar o filho em casa do que mandar para a escola. Ariane Margareth conta que a creche que o filho estuda, na Zona Sul de São Paulo, tem um buraco na entrada, que fez com que duas salas estejam interditadas. Para evitar a aglomeração, o local não consegue atender nem com a capacidade reduzida liberada.
“Mesmo sendo só os 35%, não tá indo os 35% porque eles têm que ficar dividindo sala, porque não tem sala suficiente para cada turma”, explica.
O professor Reinaldo Reis Alves, que ensina artes em uma escola municipal de São Paulo, diz que é difícil produzir conteúdo para os alunos que estão em casa.
“No ano passado nós usamos a nossa internet pessoal e nossos equipamentos. Agora, a gente recebeu o notebook, porém eu não consigo usar ele na escola. Eu não consigo usar o notebook porque não tem internet. A internet aqui ela é muito ruim. Ela é de baixa qualidade”, conta.
Ele também diz que o prédio da escola é antigo e, em algumas salas, a circulação de ar poderia ser maior.
Cezar Miola, presidente do Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa, explica que o objetivo agora é insistir na fiscalização e cobrar medidas efetivas para oferecer tranquilidade aos alunos e professores.
“O objetivo é garantir o aprendizado, a retomada das atividades. E nós, com esse trabalho, temos por objetivo fornecer mais subsídios aos tribunais de contas para suas ações de controle de fiscalização”, ressalta.