Professora ganha prêmio por incentivar alunos a gostar de MPB
Boa Tarde a todos da APLB
Vamos estudar e divulgar o Trabalho desta jovem Professora – publicado no Jornal Correio da Bahia –
19.11.2008 – 09h02
Professor Mario Carlos (mcbonfim@oi.com.br)
Professora ganha prêmio por incentivar alunos a gostar de MPB
Perla Ribeiro | Redação CORREIO | Foto: Evandro Veiga
Depois de ouvir de alunos na faixa etária entre 5 e 6 anos que as músicas preferidas eram hits como Rala a Tcheca no Chão, Desce com a Mão no Tabaco, e Cadê os Cachaceiros, a professora Adriana Rodrigues dos Santos, da Creche Municipal Vovô Zezinho, resolveu entrar em ação. Mergulhou de cabeça na MPB e estudou uma forma de fazer com que os alunos passassem a ter com as canções do gênero a mesma intimidade que tinham com o pagode e o arrocha. Além de a iniciativa ter rendido resultados no aprendizado, garantiu a ela um lugar entre os dez melhores trabalhos do país voltados para educação infantil no Prêmio Professores do Brasil.
O resultado foi divulgado, segunda-feira (17 de novembro de 2008), no Diário Oficial da União, e a premiação ocorre nos dias 2 e 3 de dezembro, no Ministério da Educação (MEC). “Percebi que os alunos tinham um vocabulário inadequado para a idade e decidi usar a linguagem musical para transformar esta realidade”, contou a professora, que inscreveu o projeto Vamos Aprender com a MPB?. Assim como qualquer disciplina convencional, a música passou a ser trabalhada religiosamente em sala de aula e a iniciativa foi bem recebida pelos alunos.
Diariamente, os pequenos entoam empolgados um repertório que inclui nomes como Vinicius de Moraes, Guilherme Arantes e Marisa Monte. Maicon Ferreira Nogueira, 6 anos, diz que sua música preferida é A Casa, de Vinicius de Moraes, e tem orgulho em contar que já viu o monumento em homenagem ao Poetinha, em Itapuã. “É uma música que fala sobre a casa da gente”, diz, referindo- se à letra, que fala de uma casa que não tinha nada.
Já a pequena Nairane dos Santos, 6 anos, não esconde que a predileta mesmo é Lenda da Sereia, interpretada pela cantora Marisa Monte. “É uma música que traz alegria, a gente canta mexendo com os braços”, diz. Na verdade, mais do que cantar as letras, eles fazem questão de acompanhar com coreografias.
Ao levar a música para sala de aula, a professora buscou despertar nas crianças o interesse pela leitura e pela escrita, além de ampliar o vocabulário da garotada. E hoje, comemora ganhos expressivos.
“É muito gratificante perceber que, antes do projeto, 11 dos 18 alunos sequer diferenciavam letras de desenhos. Hoje, a situação é outra”, comemora a professora, que fez questão de compartilhar a alegria pelo prêmio com os alunos. A boa notícia chegou anteontem, enquanto participava de uma reunião para discutir a festa de encerramento do ano letivo. O resultado só veio confirmar uma crença que ela já tinha: é possível, sim, fazer educação de qualidade na escola pública.
“Trabalho há 13 anos com educação, sendo que, dez deles foram dedicados à rede privada. Encarei o ingresso na rede pública como um grande desafio e hoje sei que é possível realizar um bom trabalho”, avalia Adriana, que trocou a sala de aula de um colégio tradicional como o Marista por uma escola voltada para uma comunidade humilde do bairro de Arenoso.
POR QUE MÚSICA?
A professora conta que escolheu a música por considerá-la um importante meio de estimular a criatividade, além de possibilitar correlações entre a criatividade e a criação de formas de pensar ou entender o mundo. “A música representa não só uma ferramenta de entretenimento, mas também, auxilia no aprendizado da fala, do ouvir e também na coordenação motora”, explica.
Extrapolando as fronteiras da sala de aula, através do projeto, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a Praia de Itapuã, tão cantada nas músicas de Vinicius de Moraes, e a Casa da Música, no mesmo bairro, além de assistir a uma apresentação da Orquestra Sinfônica da Bahia e de participar de uma oficina de música.
A diretora da Creche Vovô Zezinho atribui o prêmio ao trabalho de parceria que é desenvolvido na instituição. “Quem faz a escola pública somos nós e, aqui, o compromisso de cada um é em fazer o melhor que pode”, defende a diretora. Este é o segundo prêmio nacional que a escola recebe. Já em âmbito local, ela acumula outras cinco premiações. Mas, se depender da equipe, virão outros.
(Reportagem publicada na edição de 19/11/2008 do CORREIO)