Marcos Barreto: BRASIL NEOLIBERAL – Desmontando escolas e hospitais públicos para construir carceragens privatizadas e aprisionamento da cidadania

Marcos Barreto: BRASIL NEOLIBERAL – Desmontando escolas e hospitais públicos para construir carceragens privatizadas e aprisionamento da cidadania

O Brasil está vivendo mais um golpe contra os brasileiros, contra a nossa frágil, jovem, mas combativa democracia! Desta vez, o golpe teve a indumentária de um processo jurídico-parlamentar, pois, sob a pretensa acusação de crime de responsabilidade, uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos foi deposta sem que ninguém apresentasse uma única prova.

O projeto de aprisionar a sociedade envolve muitas variáveis. Vamos analisar algumas.

Os direitos trabalhistas – os direitos trabalhistas são resultados de décadas de lutas dos sindicatos e trabalhadores, e dos partidos de esquerdas. O ataque contra os trabalhadores visa precarizar a subsistência do assalariado. Um cidadão com dificuldades para manter sua família, ou pagar contas, tende a preocupar-se com suas necessidades imediatas, gerando um processo de alienação política. Este cenário favorece a execução de ações políticas sem acompanhamento da população e sem a cobrança nas ruas…

O regime previdenciário – a reforma da previdência consiste num complemento da precarização da subsistência do trabalhador, agora idoso, e do processo de alienação política. Se as reformas forem a termo como estão intencionadas pelo governo golpista, em 20 anos o Brasil terá 40 milhões de idosos em condição de mendicância!  Naturalmente, uma pessoa idosa e sem recursos, não terá outra preocupação que não seja sua necessidade imediata (abrigo, alimentação e remédios, por exemplo).

A alienação cultural – aqui temos algumas sub-variáveis:

  1. O trabalho da mídia dominante para reforçar a negação da cultura brasileira, e sua substituição por elementos culturais estrangeiros, com predominância dos elementos culturais e midiáticos americanos;
  2. A progressiva substituição da programação cultural e infantil por uma proliferação de noticiários policiais e reality shows com ênfase na competição excludente. Esta programação diária, durante a formação cultural da criança e do jovem gera um padrão de influências em seu comportamento social, cultural e, consequentemente, político.
  3. A apropriação de aparelhos midiáticos por organizações religiosas neopentecostais exerce um papel de demonização da cultura brasileira, do folclore, da diversidade de gênero, de valores étnicos relacionados à constituição da população brasileira, em favor de uma visão de mundo alienante orientada por uma meritocracia teocrática.

Estes processos combinados geram consequências em campos com a segurança pública, saúde e educação.

As reformas educacionais – a educação também esta sendo atacada e desmontada com reformas que a tornam incipiente, quando não anulam, a formação da cidadania por meio da análise crítica. A retirada do currículo obrigatório de disciplinas como Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Artes e Educação Física, retiram da escola a possibilidade da construção de reflexões sobre o enfrentamento da realidade social e política dos jovens. A ofensiva contra a educação tenta criminalizar o professor que promova discussões que abordem temas como relações de trabalho, relações de gênero, doutrinas econômicas, ou processos políticos em andamento no país.

Considerando estes primeiros elementos de análise, inferimos que as ações terão consequências em curto espaço de tempo. Com as relações de trabalho precarizadas por uma pseudo flexibilização e com a impossibilidade de aposentadoria, haverá uma forte tendência à busca de atividades informais, algumas perseguidas pelo aparelho do poder executivo, e outras simplesmente ilegais. Ora, se o trabalhador não tem as garantias de emprego e renda, o sistema acabará empurrando-o para a informalidade e/ou ilegalidade. 

Concluímos destacando a questão do aparelhamento do sistema prisional. O Brasil tem investido na ampliação do sistema carcerário que, além de estar sendo progressivamente privatizado, necessita de um índice de ocupação da ordem de 90% para tornar o contrato viável para o estado e empresários. Então, como atender a esta demanda empresarial? Criando um exercito de desvalidos e empurrando-os para a marginalidade. O projeto neoliberal está substituindo a construção de escolas e hospitais públicos, com o foco na cidadania e aposentadoria do trabalhador brasileiro, por um modelo de aprisionamento carcerário nos moldes do cinema catástrofe, não por acaso desenvolvido e aprimorado, primeiro em Hollywood depois nos países que aceitam a recolonização americana.

Crédito da Foto: Eduardo Ferreira (Goiás Agora)

Marcos Barreto – Diretor da APLB-Sindicato

Professor, psicomotricista e músico.

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