EDITORIAL DO JORNAL A TARDE – O ABECÊ DA NEGOCIAÇÃO JÁ
Não há como perder nem mais um dia de aprendizado, em contexto caracterizado por retomada do convívio
EDITORIAL – Publicado domingo, 22 de maio de 2022
A educação em Salvador segue uma triste e ancestral negligência com o setor, desde a expulsão dos jesuítas, ainda na ocupação portuguesa, com tímidos momentos de fortalecimento, tendo contribuído a gestão municipal com ações inusitadas.
Alcança a greve dos professores municipais, muito além de uma reivindicação por reajuste, a denúncia da necessidade de garantir direitos, em flagrante político de ilusionismo, uma vez ter prometido a administração de Salvador algo ausente na prática.
No entanto, é o aumento do ordenado a engresilha de maior poder de mobilização, calculando a APLB Sindicato, representativa das mestras e mestres, em 33,4% o pedido de acréscimo, ante uma contraproposta de 6%.
O baixo poder nutricional em merenda limitada a café com bolacha humilha a nova geração em ofensa grave à honradez do Estado cuja cripta de Ruy Barbosa, em centenário de morte no próximo ano, recomenda o culto ao conhecimento.
A legitimidade da paralisação baseia-se nesta proposta de contribuição social, ao estimularem os detentores do poder público ao reconhecimento da importância de não mentir acerca das dificuldades de trabalho do docente.
Alunos com deficiência têm direito a acolhimento por profissional especializado, visando sua proteção afetiva e desenvolvimento cognitivo, mas a lei não é cumprida.
Visando um entendimento, no topo das prioridades, estão 163 mil alunos, por isso, os dois lados precisam ceder para chegar ao equilíbrio, como exige a coletividade, diante do cenário adverso para todos os segmentos.
Ouvir a voz dos queixosos pode ser um método para resolver questões como avanço de níveis no plano de carreira, em jejum há cinco anos, além das melhorias no Auxílio Alimentação, adaptações na jornada de trabalho e convocação de concursados.
Não há como perder nem mais um dia de aprendizado, em contexto caracterizado por retomada do convívio, após longo período, para grande parte daqueles confiantes no controle da pandemia, daí o imperativo de a Prefeitura de Salvador sentar à mesa para negociação sem demora.