Bahia terá audiência pública para discutir PNE

Bahia terá audiência pública para discutir PNE

Foto: Brizza Cavalcante

 

A Comissão Especial que discute o cronograma de atividades do 2º Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação na Câmara Federal, aprovou o requerimento da deputada federal Alice Portugal (PCdoB) para realização de audiência pública na Bahia sobre o plano. O objetivo da parlamentar é construir um panorama regional da educação brasileira. O tema foi debatido nesta quarta-feira (27/4), durante reunião que ouviu ainda o especialista Prof.Dr. Ricardo Martins sobre os principais problemas e desafios a serem enfrentados pelos parlamentares na elaboração do projeto.A comissão acatou também a sugestão da deputada para cobrar diagnósticos sobre a situação atual da educação no país e realizar um seminário comparativo entre a realidade educacional brasileira e de outros países. O requerimento será remetido ao ministro da Educação, Fernando Haddad.

 

A deputada Alice Portugal demonstrou entusiasmo na tarefa de projetar sobre a realidade complexa e multifacetada do Brasil metas justas, democráticas e alcançáveis para ultrapassar o atraso da educação brasileira. Segundo ela, o diagnóstico do especialista demonstrou que existe um imenso potencial para alcançar grandes resultados. “Será necessário buscarmos diagnósticos que nos permitam ousar. Saber como repartir responsabilidades e como cobrá-las dos gestores e de todos os envolvidos no processo educacional”, afirmou.

 

Desigualdade regionais

 

Ao comentar a afirmação do especialista, consultor legislativo da Câmara dos Deputados e professor da UNB, de que ainda faltam informações importantes sobre alguns gargalos da educação, a deputada baiana sugeriu metas para enfrentar as desigualdades regionais e sociais. “Não basta apenas apontar metas universais. Elas são insuficientes. É preciso também cobrar políticas e metas que combatam a desigualdades regionais, de gênero, e sociais como as que atingem negros, populações rurais e as mulheres”, declarou Alice.

 

Entre as variáveis da complexa realidade brasileira, a parlamentar listou problemas que atingem a população feminina em idade escolar, a desigualdade que acomete, sobretudo, a população negra e a necessidade de oferecer alternativas para grupos marginalizados como indígenas, ciganos e outros.

 

Seminário Internacional

 

A deputada baiana sugeriu a realização de seminários com especialistas brasileiros e estrangeiros que permitam comparar as políticas de outros países com a realidade local. “Acho que devemos estudar as políticas educacionais do Japão, de Cingapura e Coréia do Sul e verificar os métodos que esses países usaram para alcançar as metas de desenvolvimento e competitividade que demonstram hoje”, afirmou.

 

A falta de diagnósticos do estado atual da educação brasileira foi o principal problema apresentado. Já de alguns meses que se cobra do Ministério da Educação a apresentação deste documento, indispensável para se fazer projeções para os próximos 10 anos, obrigação do plano.

 

Já existe um consenso entre os especialistas e deputados de que será necessário apontar, com clareza, uma estimativa dos custos e metas, além de analisar as propostas de divisão das responsabilidades financeiras a serem repartidas entre União, Estados e Municípios.

 

O projeto do MEC, ao não apontar as responsabilidades, deixa em aberto de que forma os municípios irão atender à expectativa de universalizar, até 2016, a oferta de educação infantil.  Na atualidade, 75% das crianças entre 4 e 5 anos já estão na escola e 21,6% das crianças de 0- a 3 anos.

 

Outro problema apontado pelo especialista é o plano de universalizar, até 2016,o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos não possui metas intermediárias que possibilitem acompanhar o efetivo cumprimento da política e remanejar recursos. Como exemplo, criticou o projeto por não apontar a faixa etária ideal para a conclusão do ciclo de ensino correspondente.

 

A falta de dados sobre a população escolar com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino foi um outro problema apontado. Por se tratar de um direito social, somente a existência de dados estimativos poderá aproximar o plano da realidade e das carências.

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