A imprensa e as notícias da paralisação na rede municipal de Salvador

Aulas mantidas em algumas escolas

LUÍSA TORREÃO
 
ltorreao@grupoatarde.com.br

Da grade do portão fechado da Escola Municipal da Engomadeira, um vigia informava à diarista Arlete Conceição, 25 anos, que não haveria aula para ela nem para seu filho de 9 anos (os dois estudam ali). No turno matutino, somente uma professora dava aula para poucos alunos. “A gente fica em casa sem fazer nada e depois é mais difícil de retomar o ritmo. Mas, também, estão no direito de fazer greve, só espero que voltem logo”, disse Arlete.
A paralisação de servidores municipais, incluindo aí os professores, atingiu bem menos da metade das unidades da rede escolar da prefeitura, segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smec). A diretora administrativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Elza Melo, por outro lado, estima que 60% das escolas aderiram à mobilização.
De acordo com o levantamento feito pela Smec, 107 unidades, entre escolas e creches, fecharam as portas ontem. Isso representaria 25,9% de um total de 413 instituições de ensino ligadas à prefeitura.

Dessas, 308 são escolas e 45 são centros de educação infantil, popularmente chamados de creches.
“Eu acho um absurdo essa greve, quebra o ritmo. Aí, quando começam as aulas de novo, ninguém lembra o que aprendeu”, afirmou a dona-de-casa Rosilene Santos, 44. Ela e o neto de 7 anos estudam na Escola Municipal Álvaro da Franca Rocha, mas estão sem aula. “Estamos em contato constante com a comunidade, que é muito próxima. Assim que acabar a greve, os alunos vão ser avisados”, informou o diretor Jorge Antônio de Oliveira.

“Acho mal não ter aula porque a gente fica sem estudar direito e quando é no final do ano botam a gente para passar”, criticou o estudante Bruno Santos, 10 anos, da Escola Municipal São Miguel.

Ontem de manhã, ele circulava em frente ao colégio com o amigo Luanderson Ribeiro, 13, depois de saber que não haveria aula de tarde. “A culpa é do município que está enrolando”, opinou Luanderson.

CABUL A – Na Escola Municipal Cabula I, os estudantes tiveram aula normalmente. Segundo a diretora Claudiceia Santos, a unidade já havia ficado três semanas fechada, por conta de uma reforma no forro do telhado, que cedeu após fortes chuvas. Assim, em conjunto, os professores optaram por não suspender outra vez as atividades. “Senão, seria um prejuízo muito grande para os alunos. Mesmo com reposição nos sábados, não é a mesma coisa, eles faltam muito”, explicou a professora Verônica Lima.
As aulas também foram dadas na Escola Municipal Professora Anfrísia Santiago. Lá, apenas duas professoras faltaram ao trabalho ontem e os alunos tiveram de ser liberados. O restante das turmas teve atividades normais.

Mãe de um aluno, Sílvia dos Santos Leão, 30, espera que a escola não se junte às demais que já estão em greve.

 

 

Líderes grevistas se irritam com avaliação do Executivo

RITA CONRADO
ritaconrado@grupoatarde.com.br

A avaliação da greve dos servidores municipais, feita pelo prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), irritou sindicalistas e lideranças políticas da Câmara de Vereadores. O grupo ligado ao Executivo definiu a greve como eleitoreira e o prefeito resgatou a situação vivida pelo funcionalismo municipal nos oito anos que antecederam a sua gestão para mostrar que os funcionários da prefeitura vivem tempos melhores. Oposicionistas negavam a exploração política da paralisação.

“Não é preciso interferência política para rejeitar uma proposta dessas”, disparou o diretor do Sindicato dos Servidores da Prefeitura (Sindseps) Saulo Borges, que, ontem à noite, aguardava o resultado da reunião com o superintendente da Superintendência de Transportes Públicos (STP), Pedro Dantas, na esperança de avanço na discussão sobre outros pontos da pauta. “O Executivo não vai além do que a lei permite nem chega ao que é permitido por lei”, disse Borges, referindo à possibilidade de, ao menos, os 5,25% de recomposição salarial serem pagos em maio – a proposta do governo é pagar 2,5% em maio e 2,75% em setembro.

O prefeito João Henrique foi duro nas suas declarações. “A cidade viveu oito anos de congelamento de salários. Esqueceram os reajustes que dei nos últimos anos, que, somados, chegam a 23%, além desses 5% dados agora”, ressaltou, lembrando também o pagamento do FGTS que, afirma, vem sendo feito desde 2006 para os 4,4 mil servidores municipais demitidos em 1996. “Naquele tempo, nem conseguiam chegar à porta da prefeitura. Eram recebidos pela polícia já na Praça Castro Alves”.

O líder do governo na Câmara, Sandoval Guimarães (PMDB), insistia na tese de exploração política da greve. “Por que não se questionou o reajuste dado pelo governo do Estado?”, perguntava o líder, atribuindo a paralisação à proximidade do período eleitoral.

Vereadores oposicionistas, que, supostamente, poderiam estar interessados em desestabilizar o prefeito, viram a avaliação do governo como mera justificativa para a falta de iniciativa em negociar com os servidores, perdendo o prazo para conceder aumento salarial definido pela lei eleitoral, 8 de abril. “O Executivo tem que admitir que errou. Não negociou, não cumpriu o prazo e ofereceu um percentual de recomposição salarial que foi rejeitado, disse a vereadora Olívia Santana” (PCdoB). “A Câmara cobrou isso dele antes que o prazo expirasse”, acrescentou.

Para o vereador Virgílio Pacheco (PPS), o Executivo procurou justificar a erro que cometeu.
“O prazo foi perdido por premeditação ou por incompetência.

Ou as duas coisas”, disparou.

Já a vereadora Vânia Galvão (PT), apenas lamentou os argumentos do Executivo. “A greve não acontece porque o PT saiu do governo, mas porque é um instrumento para forçar a negociação. É isso que o prefeito tem que fazer, sentar e negociar com os trabalhadores”.

 

REIVINDICAÇÕES

Principais pontos negociados ontem pelos servidores

Recomposição salarial Concessão dos 5,25% em maio.
O Executivo propôs o pagamento em duas parcelas ❚ Assistência à saúde Garantia do atendimento pelo Instituto de Previdência do Servidor (IPS) ❚ Cumprimento do Plano de Cargos e Salários em vigor Ao contrário do previsto, este ano os servidores não avançaram na escala ❚ Novo Plano de Cargos e Salários Para os servidores, o plano atual não atende à realidade do Município ❚ T í q u e t e re f e i ç ã o Aumento de 25% no valor do benefício ❚ Itens restantes A pauta de reivindicações do servidor municipal contém, ao todo, 32 pontos a serem negociados com o Executivo ❚

 

Alunos reclamam falta de professores no Iceia

MARIA CLARA LIMA

A TARDE ON LINE 
mmiranda@grupoatarde.com.br

Alunos do Instituto Central de Educação Isaías Alves (Iceia), no Barbalho, queixam-se da falta de professores para disciplinas como língua portuguesa, matemática, física e química.

Taiana Almeida, 17, aluna do 2° ano do ensino médio, conta que este ano ainda não teve aulas de química, física e língua por tuguesa.

Assim como Taiana, os estudantes Daiane Santos, 18, 3° ano e Anderson Martins, 17, vão diariamente ao Iceia na expectativa de ter aulas. Ele mora em Pau da Lima. “Hoje, a única aula do dia foi francês. Estou gastando transporte, que é caro, mas tenho que estudar”, conta.

DIRETORA – A diretora do Iceia, Ana Zuleica Fonseca explica que a falta de professores se deve ao aumento no número de turmas, que passou de 24 para 40 este ano, cada uma com cerca de 40 alunos. Um outro motivo seria o fato de o Iceia ter matriculado os estudantes até o dia 28 de março, quando o ano letivo começou no dia 11. A diretora conta que foi requisitado à Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) um total de oito professores, todos para o turno matutino, e acredita que eles devem começar a chegar ainda esta semana.

O superintendente do RH da SEC, José Carlos Sodré, explica que há excedente de professores e que esta situação no Iceia não deveria ocorrer. Segundo ele, pode acontecer remanejamento de professores após a realização de uma espécie de auditoria em todas as escolas da rede estadual, este mês, para que não haja mais falta de profissionais.

 

 

Correio da Bahia

 

Prefeitura analisa proposta de servidores em greve

Primeiro dia de paralisação da categoria não gerou grandes transtornos à rotina da cidade

ENSINO

PARADOS há três dias, os professores da rede municipal de Salvador também mantêm a greve. Em reunião ontem, a prefeitura ofereceu um reajuste de 3% em maio e 2,5% em setembro. A categoria não aceitou a proposta e quer que a segunda parcela seja paga em agosto. Participaram da mesa de negociação representantes da secretaria de Administração, secretaria da Educação, da Fazenda e da Associação dos Professores Licenciados da Bahia. Uma nova reunião entre a prefeitura e os professores está marcada para hoje, às 11h. Segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB/Sindicato), Elza Melo, 60% das escolas aderiram ao movimento de paralisação. As creches, entretanto, mantêm funcionamento.

Colaborou Mariana Rios

 

Bahia Já

 

PROFESSORES DO MUNICÍPIO AGUARDAM CONTRA-PROPOSTA PARA ÀS 17 HORAS

Os servidores municipais de Salvador estão com os braços cruzados, em sua maioria. Dezenas de carros da SET estão estacionados no pátio da Secretaria de Transportes nos Barris. Os postos de saúde que já funcionavam precariamento, hoje, o atendimento foi ainda pior.

Os professores rejeitaram a proposta salarial enviada pela prefeitura e decidiram continuar parados. No encontro com os secretários municipais Oscimar Torres (Administração) e Carlos Soares (Educação), a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) apresentou uma contraproposta de 6% de reajuste.

Uma nova rodada de negociações está marcada para esta quinta, às 17 horas.

Os professores se encontram na Praça Municipal, em frente à Prefeitura. Eles vão acompanhar a negociação dos dirigentes do sindicato com os representantes do Poder Executivo. A paralisação continua. Não haverá aula nesta quinta.
A quarta-feira foi mais um dia de negociações entre a APLB-Sindicato e a Prefeitura Municipal. O Executivo apresentou uma proposta de 2,5% de reajuste salarial em maio e mais 2,75% em setembro. O sindicato rejeitou e contrapropôs um reajuste integral de 6% em maio, além de concessão de abono para os coordenadores pedagógigos (num valor compatível à remuneração dos professores) até a revisão do Plano de Cargos.

 

 

 

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