A greve das(os) professoras(es) de Salvador e o Dia Internacional da Mulher

A greve das(os) professoras(es) de Salvador e o Dia Internacional da Mulher

Por Marcos Barreto, educador e músico

diamulheres

A história da luta por igualdade de direitos para a mulher tem sido o cenário da sua emancipação politica!

Em 8 de março de 1857, na cidade de Nova Iorque, mulheres operárias tecelãs realizaram uma greve. A repressão imposta foi tão violenta que aproximadamente 130 operárias acabaram morrendo carbonizadas, trancadas dentro da fábrica onde trabalhavam.

Elas tinham iniciado uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como: redução da jornada de 16 para 10 horas por dia e equiparação dos salários com os homens que exerciam a mesma função.

A greve na rede municipal é um movimento no qual predomina a participação feminina, profissionais, cidadãs, e muitas que são as principais mantenedoras da família! Mulheres de Salvador!

O movimento paredista da rede municipal de Salvador tem o objetivo de corrigir distorções nas condições de trabalho num campo profissional dominado pela atuação feminina, a educação básica.

A luta pela organização e efetivação da reserva de 1/3 (um terço) da jornada de trabalho para atividades extraclasse, que já está prevista em lei federal desde 2008 – Salvador só ajustou a legislação à partir de 2014 com a luta da categoria sob o comando do seu sindicato – tem como ponto de reflexão a seguinte questão: se fosse uma demanda de uma categoria profissional predominantemente masculina, haveria esta postergação por parte do poder público municipal?

Esta greve, além da demanda objetiva pela reserva da jornada de trabalho, é, em última instância, um manifesto das educadoras e educadores de Salvador que partiram para o enfrentamento com o executivo municipal, que insiste em desrespeitar as condições de trabalho de categoria predominantemente feminina.

Também pode se tornar um manifesto contra a perseguição sistemática à primeira presidenta deste país, que luta por um modelo de desenvolvimento econômico e social que permita novos modos de distribuição de renda e riqueza e que imponha limites à acumulação de renda e riqueza, fomentada pelo capital, naturalmente dominado pela ideologia masculina, pautada pela competitividade e meritocracia, desconsiderando as condições históricas, sociais e econômicas do nosso povo.

Gestores públicos de Salvador, a ocupação de espaços nas esferas de poder pela mulher vai além da sala de aula ou da direção do sindicato que representa as(os) trabalhadoras(es) em educação.

Nossas mulheres já conquistaram a Presidência da República e têm outros espaços a ocupar!

Nossas mulheres estão mostrando à sociedade que, além de administrar a família, estão preparadas para administrar o mundo político desta cidade, deste estado e deste país!

A mulher tem força e não foge à luta!

Nosso respeito a Ana Nery, Maria Quitéria, Loreta Valadares, Dilma Rousseff, Alice Portugal, Jandira Feghali, Lídice da Mata, Makota Valdina, Mãe Stella e todas as outras guerreiras anônimas de cada sala de aula e de cada família!

Quem consegue gestar por nove meses, dar à luz e formar pela vida inteira, sabe enfrentar a dor e transformá-la em exemplo de superação frente ao desafio para a realização da vida!

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