Impacto na Educação – Fumaça de incêndios florestais causa desmaios em mais de 15 estudantes e cerca de 30 escolas são fechadas

Impacto na Educação – Fumaça de incêndios florestais causa desmaios em mais de 15 estudantes e cerca de 30 escolas são fechadas

Incêndios florestais, em Brasília, cobriram o céu da capital do país na última terça-feira (17/09),com uma nuvem de fumaça e forçaram escolas a suspenderem as aulas. O Brasil tem enfrentado uma crise climática causada por queimadas que atingiram a Amazônia, o Pantanal e também o interior de São Paulo e áreas do Centro-Oeste. Segundo o Corpo de Bombeiros, apenas na manhã deste dia foram mobilizados 40 viaturas e 500 bombeiros, com outros cerca de mil bombeiros de sobreaviso. Outras regiões de Brasília também foram atingidas por focos de incêndios, que foram considerados propositais e criminosos pelo governo federal.

A intensificação das queimadas tem gerado níveis alarmantes de poluentes atmosféricos, o que pode acarretar riscos consideráveis para a saúde, especialmente para crianças e adolescentes em idade escolar. Em meio ao grande número de queimadas que assolam o país, o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma série de orientações às escolas sobre como lidar com o alto teor de poluição no ar e pôs à disposição das redes de ensino um canal exclusivo para atendimento. Em caso de dúvidas ou demandas específicas sobre o tema, as redes e as escolas podem enviar um e-mail para apoiomec@mec.gov.br.  

Em caso de verem fogo, devem ligar para os bombeiros, por meio do telefone 193. Para atendimentos médicos de emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pode ser acionado pelo número 192; e a Defesa Civil, pelo número 199. 

Aulas suspensas e desmaios

Dados da secretaria de Educação do DF apontam que quase 30 escolas suspenderam suas atividades em locais como a Asa Norte, Varjão, Cruzeiro e Granja do Torto, além do Setor Militar Urbano. Dez crianças, entre 10 e 13 anos, desmaiaram e outras passaram mal em uma escola pública do Distrito Federal, na tarde de quarta-feira (18), por causa da fumaça de um incêndio. O Centro de Ensino Fundamental (CEF) 19 de Taguatinga também precisou interromper as aulas. A fumaça de uma queimada perto da escola tomou conta das salas de aulas. Entre as queixas, dores de cabeça, ardência nos olhos e garganta. Um dos jovens foi socorrido após registrar queda brusca de pressão e desmaiar. Imagens divulgadas mostram uma aluna sendo carregada no colo e levada para uma sala. Outros estudantes receberam atendimento no pátio do colégio.

Levantamento da Polícia Civil do Distrito Federal aponta que de julho a setembro deste ano foi identificado um aumento de 85% nos registros de incêndios em vegetação em relação ao mesmo período do ano passado no DF. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta terça-feira que, no momento atual, todo incêndio florestal existente no país é criminoso, pois há uma proibição de uso de fogo em todo território nacional.

De janeiro até o momento, o Brasil já registrou mais de 186,6 mil focos de fogo. Segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só nas últimas 48 horas foram contabilizados 4.124 incêndios

Além dos incêndios, dados do satélite Copernicus da União Europeia mostram que quase todos os estados brasileiros que fazem fronteira com os demais países da América do Sul estão sob uma cortiça de fumaça de alto teor de dióxido de carbono (CO2).  

Pasta recomenda medidas adicionais de segurança e de proteção aos alunos, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) – (crédito: Pedro Amora/Prefeitura de Jundiaí)

1.  Evitar atividades ao ar livre: em dias de alta poluição, mantenha atividades como educação física e recreios em ambientes fechados e bem ventilados. Reduza ao máximo as atividades ao ar livre para minimizar os riscos. 

2.  Realizar atividades em espaços internos: promova atividades internas, como jogos educativos, leitura, debates sobre o meio ambiente e a saúde, além de atividades artísticas. Essas alternativas ajudam a manter o engajamento dos alunos sem expô-los a condições adversas. 

3.  Incentivar a hidratação: reforce a necessidade de beber bastante água e líquidos. Peça que os alunos sempre tragam garrafas de água e façam pausas regulares para hidratação, já que a água ajuda a eliminar toxinas do corpo e a manter as vias respiratórias protegidas. 

4.  Fechar as janelas e as portas durante os períodos críticos de poluição externa: mantenha a ventilação e a umidade do ar internas controladas, com uso de ventiladores e umidificadores sempre que possível. 

5.  Orientar e monitorar sintomas de saúde: saiba como identificar sintomas de exposição à poluição. Em caso de náuseas, vômitos, febre, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas na cabeça, no peito ou no abdômen, busque atendimento médico. 

Monitore os alunos ou profissionais com condições de saúde preexistentes e esteja preparado para oferecer suporte imediato, se necessário. Dê atenção especial a crianças menores de 5 anos, gestantes, idosos e pessoas com problemas respiratórios, cardíacos ou imunológicos. 

Medidas adicionais para garantir segurança e proteção: 

1. Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI): incentive a utilização de máscaras para alunos e funcionários que precisarem sair ao ar livre durante picos de poluição. Oriente sobre a importância e o uso adequado das máscaras para proteção respiratória. 

2. Identificação de áreas seguras: crie “refúgios” internos com melhor qualidade do ar para alunos com problemas respiratórios. Utilize filtros de ar de alta eficiência, se disponíveis, para melhorar a qualidade do ar nesses espaços. 

3. Comunicação com a comunidade: estabeleça parcerias com autoridades de saúde e de meteorologia para obter informações atualizadas sobre a qualidade do ar. Mantenha os pais informados sobre a situação e as medidas adotadas pela escola e ofereça orientações para proteger as crianças. 

4. Educação sobre poluição e saúde: promova atividades educativas que ensinem aos alunos os efeitos da poluição do ar e a importância de proteger o sistema respiratório. 

5. Limpeza das instalações: reforce a limpeza das áreas internas da escola para reduzir a presença de partículas poluentes. Utilize aspiradores com filtros, se disponíveis, para minimizar a dispersão de poeira e alérgenos. 

6. Suspensão das aulas presenciais: considere a suspensão das aulas apenas como última alternativa, em casos de qualidade do ar “muito ruim” ou “péssima”, avaliando, junto à comunidade, as condições de biossegurança do ambiente escolar. 

 Acesse aqui o guia de orientações

Como a Educação ambiental pode contribuir no combate às queimadas?

É necessário despertar a sensibilização ecológica na população na perspectiva de repensar suas atitudes no processo cotidiano das relações ambientais, uma vez que a prática de queimadas é prejudicial ao ser humano e ao ecossistema como um todo. Os alunos são os disseminadores do conhecimento e levam essa informação às pessoas próximas: familiares, amigos, vizinhos. 

A Educação Ambiental é um instrumento importante utilizado para atenuar os impactos e ocorrências dos incêndios florestais. Nesse contexto, as estratégias para conscientização da população e prevenção aos incêndios florestais devem ser dirigidos a públicos e comunidades específicas, respeitando as diversidades culturais e sociais da comunidade e incluindo as práticas tradicionais e de subsistência locais que utilizam o fogo. Ademais, é importante elaborar materiais didáticos adequados de acordo com a idade, proporcionando a todos os níveis informações básicas e inteligíveis sobre os incêndios florestais.

Faz-se necessário estimular as instituições de ensino, de todas as esferas, para que desenvolvam programas de manejo do fogo apropriados às vivências, realidades e crenças das comunidades. Assim, as ações de prevenção aos incêndios florestais, que utilizam a Educação Ambiental para promover a preservação da biodiversidade e dos recursos naturais, devem ser aplicadas por meio de práticas democráticas, participativas e inclusivas, de modo permanente e continuado, por meio de processos que vislumbrem a sensibilização da população para uma tomada de consciência ecológica, mudança de comportamentos e um despertar para o pertencimento a esses ambientes, a fim de que as pessoas envolvidas se tornem responsáveis em colaborar com a preservação do meio ambiente, se comprometendo com uma cidadania participativa.

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