REVOLTA DOS BÚZIOS – APLB presente na celebração pelos 226 anos da luta contra a opressão
A direção da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação, esteve junto com a CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras na tarde da última segunda-feira (12/08), para um ato na Praça da Piedade, em alusão à Revolta dos Búzios. Representando a APLB, além de Emerson Aleluia, da Diretoria de Promoção da Igualdade Racial, também marcou presença, Reginaldo Alves, diretor licenciado da APLB. Além de destacar a data comemorativa, um dos objetivos do ato foi homenagear os heróis e principais lideranças do movimento, como os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira (este com apenas 18 anos de idade), além dos soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. Um outro destaque desse movimento foi a participação de mulheres negras, como as forras Ana Romana e Domingas Maria do Nascimento, Luiza Francisca de Araújo, Lucrecia Maria Gercent e Vicência e, assim, reverenciar a memória da primeira revolta urbana de Salvador.
História
Em agosto de 1798 começaram a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do poder metropolitano. Em 12 de agosto de 1798, os conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta e proclamando idéias de liberdade, igualdade, fraternidade e República: “está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo em que seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais”; …”Homens o tempo é xegado para vossa ressurreição, sim para que ressuscitareis do abismo da escravidão, para que levantareis a sagrada Bandeira da Liberdade”.Assim iniciou o emblemático dia 12 de agosto de 1798, dia da Revolta dos Búzios, ou Revolta dos Alfaiates, movimento liderado por negros baianos, com diversos manuscritos espalhados por prédios políticos clamando pelo fim da escravidão, redução de impostos e a luta por uma democracia.
O diretor Emerson Aleluia, destaca a importância da ação. “É trazer para o tempo presente uma história de 1798, que infelizmente ainda não faz parte da literatura dos livros didáticos do nosso país, em descumprimento da Lei 10.639/2003. Desenhar o fato de como o combate ao racismo estrutural e suas formas de invisibilizar a história, cultura e as lutas do povo negro têm que ser realizados constantemente”. Emerson ainda alerta que “É tarefa de todos manter viva a chama de liberdade acesa há mais de duzentos anos com a Revolta dos Búzios que influenciou tantos outros movimentos na deposição do poder colonial”.
Desse modo a CONEN, a APLB-Sindicato, a Fundação Manoel Faustino, Sindados e demais representações da sociedade organizada reafirmam o seu compromisso perante a sociedade brasileira de promover uma maior ambiência do negro numa ação direta a uma cultura antirracista. Que é traduzido num gesto simbólico de colocar flores nos bustos dos quatro heróis negros que foram enforcados, brutalmente mutilados, na praça da Piedade, como forma de sufocar o movimento. Prática que não surtiu efeito. Pois, a prova indelével disso, está presente nas passeatas e manifestações que reivindicam melhorias para Educação, Saúde, Emprego, Justiça e condições dignas de sobrevivência.
O diretor Emerson ainda chama a atenção dos governantes sobre a necessidade de manutenção da Praça da Piedade. “É preciso revitalizar essa praça que está abandonada pelos poderes públicos, realizar o conserto da fonte luminosa, limpeza e conservação dos bustos existente e a colocação de um busto em homenagem à participação das mulheres negras nessa gloriosa página da nossa história de lutas por igualdade racial e dignidade em Salvador”.
MANIFESTO AGOSTO NEGRO 2024 (3)