FALTA DE INVESTIMENTO – Quase 80% dos professores de educação física gastam próprio dinheiro com material, diz levantamento

FALTA DE INVESTIMENTO – Quase 80% dos professores de educação física gastam próprio dinheiro com material, diz levantamento

Estudo do Instituto Península mostra a falta de itens básicos para a prática esportiva em escolas do país

Alunos jogam queimada na quadra de esportes da antiga Escola Municipal de Ensino Fundamental – EMEF Infante Dom Henrique, agora chamada EMEF Espaço de Bitita, em homenagem a escritora Carolina Maria de Jesus, no CanindéRovena Rosa/Agência Brasil

Quase 80% dos professores de educação física já tiveram que comprar materiais esportivos para suas aulas com o dinheiro do próprio bolso. O dado é resultado de uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Península. O estudo demonstra as dificuldades para a prática esportiva nas escolas do Brasil. “Essa pesquisa revela a sobrecarga do professor de Educação Física e mostra a necessidade de políticas públicas que valorizem o esporte educacional”, afirmou Daniela Kimi, diretora de Esportes e Pesquisa do Instituto Península.

A APLB-Sindicato defende uma educação pública de qualidade e por consequência mais investimentos. A precariedade da infraestrutura esportiva é um dos maiores empecilhos para a realização do trabalho.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) determina que “a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica”. Só não precisam participar das aulas os estudantes com mais de 30 anos ou que trabalhem, tenham filhos ou estejam prestando serviço militar inicial.

Segundo 94,7% dos profissionais entrevistados para o levantamento, também são necessárias melhorias nos espaços para a prática esportiva nas unidades escolares. “Quando a estrutura disponível nas escolas brasileiras é precária, desperdiçamos o potencial do esporte para contribuir para o aprendizado e as habilidades socioemocionais das crianças e adolescentes”, explica Kimi.

O Instituto ouviu 3.032 professores, coordenadores, diretores e estudantes do ensino superior que trabalham ou estagiam em escolas da educação de todos os estados do país.

Bullying nas escolas

Além de temas estruturais, o estudo tratou com os educadores sobre questões de gênero e bullying durante as aulas.

Pelo levantamento, sete em cada 10 profissionais já presenciaram bullying durante as aulas. A maioria dos casos são relacionados à habilidade técnica (79,9%), aparência (54,6%), ao gênero (28,8%) e à sexualidade (23%). Dos entrevistados, 18% relataram não saber o que fazer diante das situações.

No recorte de gênero, 63,1% disseram que a maior dificuldade é a inclusão de meninas nas aulas. Ainda sobre esse tema, 63,6% responderam que gostariam de apoio para lidar com o desafio no dia a dia.

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