A Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha no século 21

A Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha no século 21

Por Emerson de Aleluia Conceição*

A data de 25 de julho é celebrada como o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, reconhecendo e honrando as conquistas e lutas das mulheres afrodescendentes da região. Neste ensaio, vamos discutir a importância da data nas batalhas enfrentadas por estas mulheres e a luta constante das mulheres afrodescendentes da América Latina e do Caribe, historicamente marginalizadas e subestimadas nas sociedades em que vivem, por empoderamento e conquistas. Elas enfrentam discriminação racial, sexismo e desigualdade de gênero, além de outras formas de opressão. No entanto, ao longo dos anos, estas mulheres têm lutado incansavelmente por seus direitos e por uma maior representação e visibilidade.

Um dos problemas enfrentados pelas mulheres afro-latinas e caribenhas é o acesso limitado à Educação. A falta de oportunidades educacionais adequadas tem um impacto significativo em suas vidas, limitando suas possibilidades de emprego, mobilidade social e participação política. O estereótipo de que as mulheres negras são menos inteligentes ou capazes foi perpetuado e isso dificulta a busca pelo desenvolvimento.

Além disso, elas também sofrem com altas taxas de pobreza e violência de gênero. A falta de acesso a empregos e salários dignos afeta negativamente a qualidade de vida desta população feminina. A violência doméstica e o feminicídio são problemas persistentes nas comunidades afrodescendentes, colocando em risco a segurança e o bem-estar destas mulheres. No entanto, apesar dos desafios, as mulheres afro-latinas e caribenhas têm se organizado e formado movimentos de resistência. No Brasil, por exemplo, o Movimento Negro Unificado (MNU) tem liderado a luta contra o racismo e o sexismo na sociedade brasileira.

Organizações como esta desempenham um papel crucial na conscientização, empoderamento e mobilização de mulheres afrodescendentes. O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha é uma oportunidade para reconhecer e celebrar as conquistas destas mulheres e uma data para lembrar e homenagear líderes femininas afrodescendentes que tiveram um impacto significativo em suas comunidades e no movimento de direitos civis. Mulheres como Tereza de Benguela, líder quilombola no Brasil colonial, Dolores Cacuango (Mamá Dolores), líder indígena equatoriana, são exemplos inspiradores de resistência e luta. A ação da ex-presidenta Dilma Rousseff, ao sancionar a Lei 12.987/2004, que criou o Dia nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, também foi muito importante para a promoção da igualdade racial entre mulheres e homens neste país.

Na política local e nacional temos mulheres negras de grande destaque nesta luta, como Gercyjalda Rosa (Gercy), da APLB Sindicato, Olívia Santana, deputada estadual pelo PCdoB e membro da recém-criada diretoria da Promoção da Igualdade Racial, Leci Brandão, deputada estadual pelo PCdoB de São Paulo, Benedita da Silva, deputada federal pelo PT, do Rio de Janeiro, a Ministra de Estado, Sonia Guajajara, indígena do Povo Guajajara/Tentehar, vozes que ecoam no parlamento em prol de políticas antirracistas e para os povos originários. Portanto, o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha é também um momento para refletir sobre os obstáculos contínuos enfrentados por estas mulheres na busca por soluções para garantir igualdade de oportunidades e justiça social. É necessário fortalecer a representação política e a participação delas nos processos de tomada de decisão. Também é fundamental investir na Educação, a fim de possibilitar a formação profissional desta população, oferecendo plenas oportunidades para que desenvolva seu potencial na sociedade brasileira.

 

Emerson de Aleluia Conceição é diretor de Política da Promoção da Igualdade Racial II da APLB-Sindicato*

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