A mídia e a movimentada semana da APLB-Sindicato

15/03/2008

Paralisação de professores deixa 1,5 milhão de alunos sem aulas

 

Estudantes das redes públicas municipal e estadual encontraram as escolas de portas fechadas ontem. O motivo foi a paralisação nacional de professores, que deixou 1,5 milhão de alunos sem aulas na Bahia. Em Salvador, cerca de 50 pessoas – segundo a Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) – protestaram entre 9h e 13h na Praça da Piedade, para chamar a atenção da sociedade civil quanto à urgência na definição de um piso salarial para a categoria. Desde 2006, um projeto de lei que define o valor mínimo de salário tramita no Congresso Nacional. Por causa disso, mais uma vez a categoria pressionou os parlamentares. Apesar da mobilização, por enquanto sindicalistas negam a possibilidade de greve.

A decisão de cruzar os braços e realizar apitaço em praça pública, com faixas e carro de som, partiu da orientação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apoiada localmente pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato). “É uma manifestação nacional que envolve professores de todo o país”, explicou Sérgio Carneiro, professor e um dos diretores do sindicato. Segundo a diretoria do sindicato, no mês passado, uma comissão da CNTE se reuniu com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Os dois asseguraram que agilizariam a tramitação do projeto. O documento define o valor mínimo de R$950 para os docentes.

Pauta – Os protestos foram anunciados pela imprensa e nas salas de aula. Na última quarta-feira, professores reuniram-se em assembléia. Após definirem as prioridades da pauta de reivindicações, seguiram para a Secretaria de Administração do Estado (Saeb), no Centro Administrativo da Bahia (CAB) e entregaram o documento ao superintendente de Recursos Humanos do órgão, Adriano Tambone. Na manhã de ontem, eles participaram de uma reunião no Colégio Central, em Nazaré. Um dos objetivos era discutir o déficit de professores, um dos itens prioritários da pauta. O número pode superar os 1.200, segundo o sindicato.

A categoria também pleiteia que o reajuste aconteça a partir da data-base do grupo, em janeiro, e não em março como propõe o governo. Eles reivindicam ainda a ampliação do auxílio-alimentação para todos os docentes e não somente para profissionais que ensinam em cidades com população acima de 50 mil habitantes. Outro item da pauta é a permanência dos 20% para a relação interclasse, ou seja, garantia do percentual para os professores que migram de uma série para outra. (CA)

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Pais apóiam protestos

Alguns dos familiares de alunos da rede pública de ensino acreditam que o protesto dos professores tenha sido justo. A dona de casa Teresa Cristina da Silva, 45 anos, mãe de dois alunos da rede estadual de ensino, diz que a paralisação não foi surpresa e acha que os professores merecem mais respeito. “Eles estão reclamando seu dinheiro. Recebem pouco mesmo”. Já a estudante Sônia Oliveira Santos, 20, aluna do Colégio Estadual Luiz Viana Filho, em Brotas, concorda com o protesto, mas receia o prejuízo ao final do ano. “Vou prestar vestibular para medicina ou direito, e vou fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) também. Não podemos perder conteúdo”, diz a estudante, que já se sentiu prejudicada com as greves dos docentes no ano passado.

A categoria realizará nova assembléia no dia 2 de abril. Dados da Secretaria Estadual da Educação (SEC) apontam que 1,350 milhão de alunos estão matriculados na rede pública estadual em toda a Bahia. Na rede municipal são 160 mil em Salvador. Na rede estadual, lecionam 108 mil professores. Na rede municipal de ensino, em Salvador, são cinco mil.

 

13/03/2008

Professores integram mobilização nacional

 

 

Camila Vieira

 

Com intuito de pressionar o Congresso Nacional a agilizar a votação do plano de cargos e salários, professores da rede pública realizam amanhã uma mobilização nacional, quando pretendem paralisar as atividades durante todo o dia. Em Salvador, os protestos vão ocorrer às 9h, na Praça da Piedade. Ontem, professores participaram de uma assembléia e, depois de eleger as reivindicações prioritárias, seguiram para a Secretaria de Administração, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde a pauta foi recebida pelo superintendente de Recursos Humanos, Adriano Tambone. Embora não fale claramente sobre uma possível greve, o presidente do APLB, não descarta a possibilidade. “Estamos tentando negociar”, diz.

Hoje, os docentes participam de uma reunião no Colégio Central, às 9h. O objetivo do encontro é discutir a situação o déficit dos professores, um dos itens que integram a pauta. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato) estima que o número seja superior a 1.200, cálculo feito pelo secretário estadual de Educação, Adeum Sauer. De acordo com Rui Oliveira, é preciso avaliar a situação com muito cuidado. “Se existe demanda, não justifica tanta gente fora do mercado”, avalia Rui.

Ele atribui a lacuna aos baixos salários pagos pela rede pública, aliados à carência de educadores especializados nas áreas de exatas e naturais. “Precisamos pensar numa estratégia para essa situação”, reforça. Além de uma solução para tal problema, professores exigem que o reajuste seja a partir da data-base da categoria, em janeiro, e não em março como propõe o governo. Soma-se às reivindicações a ampliação do auxílio-alimentação para todos os docentes e não somente para profissionais que lecionam em cidades com população acima de 50 mil habitantes. A categoria exige também a permanência dos 20% para a relação interclasse, ou seja, garantia do percentual para os professores que migram de uma série para outra. Dados da Secretaria Estadual da Educação (SEC) apontam que 1,350 milhão de alunos estão matriculados na rede pública.

 

Tribuna da Bahia

Sábado, 15 de Março de 2008

 

Pais receiam nova greve dos professores

 

“É um absurdo parar as aulas que já começaram atrasadas por conta de quase dois meses de greve ano passado”. A frase da cozinheira Gilvania Ferreira da Silva, mãe de dois alunos da rede estadual de ensino, resume a indignação dos pais dos 1,3 milhão de estudantes que tiveram suas atividades paralisadas, por 24 horas, ontem, quatro dias após iniciadas as aulas nas 1.753 escolas estaduais. A paralisação, segundo a categoria, é parte de uma mobilização nacional pela regulamentação do piso salarial de R$ 1,050 mil.
Após compartilhar 57 amargos dias de greve com seu filho em 2007, a cozinheira, assim como muitos outros pais, teme que seus filhos sejam prejudicados pela falta de aula. “Está tudo errado, será que ninguém vai tomar uma providencia”, questiona, ela que tem filhos adolescentes na Escola Estadual Georgina Ramos, no bairro da Boca do Rio.
A auxiliar de serviços gerais, Margarete Alecrin Victor, compartilha da mesma revolta. “A única solução que vejo e retirar meus filhos da rede pública, só assim posso garantir um ensino de qualidade, assim que tiver condições financeiras farei isso”.
Integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato), Central Única dos Trabalhadores (CUT), União de Negros Pela Igualdade (Unegro), União da Juventude Socialista (UJS), exigiram melhores condições de trabalho.
No Estado os profissionais em educação já somam cerca de 108 mil – entre ativos e inativos. “Muitos estão ameaçados por conta do excedente de professores”, destaca Jorge Carneiro, coordenador do APLB-Sindicato.
Segundo Jorge Carneiro, a questão deve ser debatida. “Uma parcela significativa de professores acabam sendo devolvidos, eles não perdem a função mais sofrem queda nos salários”, explica, apontando o projeto de aceleração do ensino como umas das razões para o fenômeno. “Queremos instituir pelo menos 12 anos de estudo”.
“A valorização dos professores através de melhores salários é um fator imprescindível para uma escola pública de qualidade”, reconhece o estudante VaAlmir Santos, 20 anos, presidente da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas (ABES), que cursa o 1° ano do ensino médio, no Colégio Estadual Mário Augusto Teixeira de Freitas. Ressaltando ainda a necessidade de uma reestruturação nas instituições públicas. “O ensino público está a cada dia mais desmotivador”.
Diretor do Colégio Estadual da Bahia – Central, Jorge Nunes, reforça a afirmação do estudante, salientando uma das conseqüências do problema. “A evasão de alunos é uma questão preocupante, muitos param ainda no ensino fundamental para trabalhar, desiludidos eles não acreditam que o estudo irá lhe render bons frutos”.
De acordo com ele, é preciso criar escolas mais envolventes, que tragam e prendam os alunos nas instituições. “Para tanto é fundamental que o professor ganhe o suficiente para se dedicar integralmente à atividade”, diz. Por conta da redução no quadro de alunos, o Central ainda está com as matriculas abertas. “Corremos o risco de devolver alguns professores, mas este é um procedimento comum todos os anos”, reforça Nunes. (Por Roberta Cerqueira)

 

A TARDE

 

Salvador, Bahia

Sexta-Feira , 14/03/2008

1º Caderno

 

Alunos da rede pública sem aula

 

SIMÔNICA CAPISTRANO
ssantos@grupoatarde.com.br

Mais um encontro de educadores da rede estadual de ensino aconteceu na manhã de ontem no Colégio Teixeira de Freitas. O objetivo era propor soluções para os professores que se encontram fora das salas de aula devido à desativação de alguns colégios e ao número reduzido de alunos matriculados este ano. A paralisação de 24 horas nas escolas municipais e estaduais que acontece hoje em todo o País também esteve na pauta.

De acordo com Rui Oliveira, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), há mais de dois mil professores excedentes na rede estadual de ensino.

“Só nos colégios da Fonte Nova, Eduardo Bizarria Mamede e Ginásio do Servidor Público há 120 professores sem dar aula porque os colégios foram desativados por problemas estruturais”, explica.

Rui Oliveira disse ainda que foi feito um acordo com o secretário de Educação do Estado, Adeum Sauer, para que uma solução para o problema seja apresentada até o próximo dia 29, data em que acontece a próxima assembléia geral da categoria. Para o sindicato, uma saída seria deslocar esses professores para outras atividades, como reforço escolar, atividades lúdicas, de lazer, culturais, dentre outras.

“O governo do Estado, diante do fato, esticou o período de matrícula da rede até o final de março, para que mais estudantes ainda possam se matricular. Com isso, as salas de aula poderão ficar mais cheias e o número de professores excedentes tende a cair”, comentou Jorge Carneiro, diretor de imprensa da APLB.

O destino dos professores ainda é incerto. Na próxima quartafeira (19), representantes da categoria vão se reunir novamente com o secretário de Educação para discutir o assunto. Rui está otimista e acha que o problema poderá ser resolvido sem que os professores sejam devolvidos à secretaria (SEC).

Enquanto a solução não chega, outras reivindicações já foram pautadas. Anteontem, por exemplo, os professores estaduais se reuniram no Ginásio de Esporte do Sindicato dos Bancários para a primeira assembléia de 2008. A discussão girou em torno de propostas para a carreira do magistério, as eleições diretas para gestores e o reajuste salarial.

A categoria resolveu aceitar, em parte, a proposta do governo de reajustar salários entre 6% e 12,58%. O obstáculo apontado foi com relação aos meses para pagamento. O governo propôs março e outubro, e a categoria prefere janeiro e julho. Quanto às eleições diretas para diretores de escola, ficou acordado que, na próxima semana, deve ser encaminhado o projeto de lei para a Assembléia Legislativa.

A paralisação nacional hoje é pela aprovação do piso nacional profissional salarial. Em Salvador, a manifestação acontece na Praça da Piedade, às 9 horas. A iniciativa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apoiada pela APLB-Sindicato e outras afiliadas da confederação, tem a finalidade de fazer com que os parlamentares aprovem, com urgência, o projeto do piso salarial e de mais dois projetos referentes à profissionalização e à carreira.

Os três estão em tramitação no Congresso Nacional. Segundo a assessoria da APLB, em fevereiro, uma comissão da CNTE se reuniu com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), e ambos se comprometeram a agilizar a tramitação do projeto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu editar uma medida provisória para o piso, a ser pago por Estados e municípios, caso o projeto em tramitação na Câmara não seja aprovado até maio.

 

Jornal da Manhã – TV Bahia

Sexta-feira – 14/03/2008

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