Artigo: Professores e profissionais da segurança pública prisional – De que lado devemos estar nestas eleições?
Por Everaldo Carvalho*
O nível de evolução e civilidade de uma sociedade pode ser medida pelo nível de empatia e compaixão desenvolvida por seus cidadãos.
Empatia para se colocar, sentir como o outro se sente, sobretudo os mais desfavorecidos. Já a compaixão é a engrenagem que põe a empatia em movimento, na medida em que permite que, pela indignação, se promova mudanças concretas para a superação das desigualdades.
Esses dois princípios se traduzem em expectativas da sociedade para a ação de um professor/educador da rede pública estadual de ensino, em busca de uma educação crítica, inclusiva e que prepare os jovens para, de forma qualitativa, enfrentar e superar o mercado de trabalho.
Isto não quer dizer que haja ingenuidade por parte destes profissionais por não entenderem as contradições da sociedade, ao contrário, tais contradições são a base para iniciar o processo de uma educação crítica transformadora.
Neste contexto, os professores que atuam com jovens da periferia não devem titubear um segundo quando o assunto é a defesa de uma Escola inclusiva e solidária.
DIGA NÃO AO ÓDIO!
Passando à esfera da segurança pública penitenciária, penso que os policiais penais, a despeito de que devem manter a ordem e disciplina das unidades prisionais com foco no combate à proliferação das organizações criminosas intra muros, seu compromisso, a priori, está relacionado à promoção de uma polícia cidadã cumpridora e garantidora dos direitos, sobretudo aqueles elencados no rol do art. 6 da lei de execuções (assistências jurídica, material, social, educacional, religiosa e à saúde) que visam o resgate social e a reinserção qualitativa destes presos. Articulação que deve envolver todos os demais profissionais técnicos: professores, defensores, coordenadores laborativos, empregadores, equipe de saúde, psicólogos, assistentes sociais e demais coordenadores que atuam na ressocialização.
Enfim, com todas as contradições, e a despeito do discurso barato de que o Bolsonarismo valoriza a categoria dos policias, sabemos que não. Sem ingenuidade na matéria, partimos do princípio de que o indivíduo é recuperável. Este é um pacto que baliza o estado democrático contemporâneo de direito.
O Bolsonarismo quer instrumentalizar tais profissionais para a defesa dos interesses das elites reacionárias. Ao tempo em que, nestes quatro anos o desemprego avança, o salário mínimo perde o poder de compra, a miséria assola e, com ela, a criminalização da pobreza, o suicídio e o aumento de cidadãos que perderam suas casas e passaram à condição de moradores de rua. Triste realidade.
Quanto à religião, não podemos permitir que eles continuem combatendo o estado laico para retroagir aos séculos que remontam a idade média gerando confusão entre a esfera da vida pública emancipadora e a esfera particular de foro íntimo das convicções religiosas. Um estado republicano se caracteriza, também pela separação entre Estado e religião.
Dizer que o Cristianismo, religião das massas, que se consolidou no ocidente neste dois tumultuados séculos de disputas e rupturas religiosas, irá ser derrotado com o retorno de Lula ao poder, beira ao ridículo. E mais, foi nos governos Lula e Dilma que o segmento neopentecostal teve um crescimento extraordinário graças aos benefícios patrocinados por tal Governo que agora alguns ‘espertalhões” atacam.
Fiquemos atentos… Atentos aos sinais…
Os argumentos de que Lula vai implantar o comunismo pelo voto direto nem merece comentários, ao menos para quem enxerga o leque de alianças que ele vem realizando e o viés conservador da nova composição dos eleitos para o congresso, ao menos para os próximos 4 anos. O que LUIS INÁCIO sempre pregou foi inclusão social e respeito às diversidades. Levar renda mínima aos mais longínquos rincões do país. Ora, se aumentar o poder de compra, promover a empregabilidade, acesso ao crédito, a inserção de negros e pobres na universidade é comunismo, é deste lado que os cidadãos de bem almejam se posicionar.
Parafraseando o policial penal Luís Alberto Bonfim, “nem tudo são flores. Devemos encurtar o campo de nossas escolhas políticas. Se há problemas e contradições no campo democrático, que façamos o enfrentamento devido. Aqui debatemos. Do lado de lá, dos fascistas, combatemos”.
Por fim, em tempos tumultuados, de incertezas, ódio e intolerância, VAMOS AGREGAR COM TODOS QUE QUEIRAM JUNTAR-SE A NÓS. EM DEFESA DOS IDEAIS REPUBLICANOS. SEJAMOS FIRMES PARA DEFENDER OS VALORES QUE SIMBOLIZAM A BANDEIRA NACIONAL, MAS SEM ABDICAR DE AGIR PELA TOLERÅNCIA, EMPATIA E COMPAIXÃO.
É LULA LÁ E JERÔNIMO CÁ – É 13
Everaldo Carvalho é professor e policial penal, Sociólogo, especialista em História e Cultura Afro-Brasileira, especialista em Gestão em Segurança Pública, Mestre em Educação*