APLB FALA AO JORNAL CORREIO SOBRE PREOCUPAÇÃO COM O RETORNO ÀS AULAS 100% PRESENCIAL
A expectativa de poder voltar presencialmente para as escolas em fevereiro foi barrada em pelo menos cinco cidades da Bahia, que decidiram suspender o retorno das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas, já autorizado pelo governador Rui Costa. A decisão ocorre devido ao avanço da covid-19 no estado, que, nesse domingo (6), registrou 2.305 novas infecções pelo vírus, chegando a 33.243 casos ativos da doença.
Os municípios de Cruz das Almas, Sapeaçu, Teixeira de Freitas, Conde e Santo Antônio de Jesus decidiram manter as aulas remotas, para analisar os dados da Vigilância Epidemiológica nos próximos dias. Em Capim Grosso, a Prefeitura chegou a anunciar o adiamento, mas recuou após protestos.
Em Sapeaçu, no Recôncavo baiano, a Prefeitura decretou que as aulas presenciais e semipresenciais nas escolas públicas, municipais e estaduais, e nas escolas privadas ficarão suspensas até 14 de março de 2022, podendo ser alterado em decorrência de orientações das autoridades sanitárias. Até lá, as aulas seguirão de forma remota. O município possui 168 casos ativos da doença, 30 deles registrados em 24 horas.
No decreto, a Prefeitura ordena que as instituições realizem atividades on-line síncronas e assíncronas, de acordo com a disponibilidade tecnológica e também “utilizar mídias sociais (WhatsApp, Facebook, Instagram etc.), bem como plataformas acadêmicas, quando possível, para estimular e orientar os estudos, pesquisas e projetos que podem ser computados no calendário e integrar o replanejamento curricular”.
As aulas nas escolas da cidade de Cruz das Almas, também no Recôncavo, foram suspensas devido ao aumento de casos de covid-19. O município teve pacientes internados há mais de 72 horas sem conseguir regulação. A secretária de Educação, Geisa Novaes, informou que a cidade vive um aumento de casos ativos do coronavírus já há alguns dias e, por precaução, foi necessário publicar um decreto com novas medidas para conter a disseminação do vírus.
“Nossa expectativa e esperança é que esse número caia nas próximas duas semanas em que as escolas seguirão fechadas. Hoje mesmo [sábado], o município teve 87 novos casos da doença, com 279 infectados atualmente”, declarou a secretária.
Ainda no Recôncavo baiano, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Santo Antônio de Jesus decidiu postergar o reinício das aulas na rede municipal de ensino. Com isso, as aulas da rede pública e privada se iniciarão a partir do dia 7 de março.
“A tempo, a SME reitera que o adiamento do início do ano letivo não trará maiores prejuízos para os alunos, pois a equipe da pasta já está adaptando todo o planejamento pedagógico para adequá-lo à nova realidade, mantendo o ensino presencial e os 200 dias letivos”, destacou a pasta.
No município de Teixeira de Freitas, no extremo-sul do estado, por conta dos crescentes casos da Influenza e da covid-19, a Prefeitura preferiu manter o início das aulas para o ano letivo de 2022 de forma remota. Pelo planejamento, as aulas presenciais em Teixeira devem retornar no mês de março.
“Diante do exposto e compreendendo os anseios e expectativas pelo retorno das aulas presenciais, nos dirigimos respeitosamente solicitando que compreendam o momento que ainda requer cuidados pela vida, ainda que venhamos a cumprir os protocolos de biossegurança”, pediu a gestão municipal, em comunicado. A cidade possui 487 casos ativos da covid-19, com 74 novos casos diários.
Norte do estado
O município de Capim Grosso, no norte baiano, suspendeu o retorno presencial das aulas na última quinta-feira, com a justificativa do aumento de casos positivos de covid-19. No entanto, após pedido dos pais de não fechar as escolas, a Prefeitura recuou. Na sexta-feira (4), o decreto foi revogado, e as aulas de todas as séries, exceto da creche, voltarão nessa segunda (7), segundo a secretária de Educação, Neumária Gomes da Silva. A cidade possuía, na sexta-feira, 644 casos ativos da doença.
No litoral norte do estado, o município de Conde também optou pela suspensão do retorno presencial. “Em razão do aumento no registro de casos positivos da covid no município, a rede municipal de ensino seguirá a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde e adiará o início das aulas para o dia 14 de fevereiro”, explicou a prefeitura. A cidade possuía 167 casos ativos da doença no sábado.
O presidente da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB), Rui Oliveira, no entanto, afirma que a entidade está preocupada com o avanço da variante ômicron, já que a Bahia registrou a maior taxa de transmissão da doença desde o início da pandemia. Considerada mais transmissível por especialistas, a variante causou um aumento de 992,6% na circulação do vírus no mês de janeiro. A nova cepa também já representa 76,5% das infecções no território baiano.
Segundo Oliveira, a APLB enviou um ofício ao secretário de Educação do estado, Jerônimo Rodrigues, preocupado com o avanço da ômicron e pedindo para que a retomada das aulas seja feita de forma híbrida enquanto não haja queda nos números de infectados.
“Se a gente começar as aulas agora, vai ser uma tragédia anunciada. O que vai acontecer é que, no mínimo, vai começar em uma semana e ter que parar logo em seguida por conta de um alto número de infecções pela covid”, argumentou o presidente do sindicato.
“A APLB ratifica a preocupação com o retorno às aulas 100% presenciais conforme anunciado pelo governo do estado e segundo calendário letivo. Em nome da nossa principal bandeira, a da preservação de vidas, entendemos que o retorno híbrido é uma alternativa viável para possibilitar o distanciamento físico e garantir uma das medidas mais importantes do protocolo de biossegurança. Vale registrar que a APLB fez visita às escolas durante a jornada pedagógica e inúmeras escolas estão fazendo a jornada pedagógica de forma remota ou híbrida devido à contaminação de membros da equipe pela covid-19”, diz o ofício do sindicato enviado ao secretário Jerônimo Rodrigues.
A Secretaria Estadual de Educação (SEC) argumentou que as prefeituras têm autonomia para decidir sobre o retorno das atividades. Nas escolas da rede estadual, os estudantes maiores de 18 anos terão que apresentar o cartão de vacina, na portaria das escolas, nessa segunda-feira (7), quando começam as aulas de forma 100% presencial. A regra também é válida para a comunidade escolar que deseja ter acesso às unidades de ensino, atendendo ao decreto governamental que exige o comprovante para entrar em prédios públicos estaduais.
Com Informações do Jornal Correio