EDUCAR É UM ATO POLÍTICO! POLITIZAR É FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO!
Por Marcos Marcelo Barreto[1]
Estamos às vésperas de mais uma eleição municipal. Os educadores tem o papel de trazer para o debate educacional o que realmente interessa para a sociedade.
Todos os candidatos deveriam apresentar programas com soluções para os problemas da cidade. Mas, o que vemos é uma troca de palavras ásperas entre os candidatos e seus apoiadores, com acusações e ofensas que usam como pano de fundo as diversas singularidades da história de cada um. Para isso, os atores políticos (protagonistas ou coadjuvantes, amigos e/ou inimigos, pois essa posição depende do momento e do pragmatismo necessário aos seus objetivos) usam a lógica do argumento ad hominem, no qual se atacam as pessoas em detrimento do mérito do problema analisado.
Quando os ataques deixam de observar a situação-problema e passam para o âmbito pessoal, surgem efeitos colaterais:
- Se coisifica as pessoas lhes retirando a humanidade (deixam de ser tratados como pessoas e passam a ser tratados por rótulos);
- O argumento coisificado vira um “cavalo de Tróia” para desviar o foco do que realmente é importante (o que a cidade quer saber? Se fulano é isso ou aquilo ou se existem propostas para solucionar problemas?);
- Negando-se ao dialogo assertivo, a disputa se dê no âmbito da força, ou do grito, onde conseguem afastar a razão (quando paixões são levantadas, a razão tende a ser sacrificada na mesma severidade).
A negação do diálogo permite a permanência da opressão e isso interessa ao opressor, mas pode beneficiar outros que se alimentam dessa condição.
Os atores políticos que atacam a pessoa “coisificando-a”, rotulando-a, ou mesmo desqualificando-a, retroalimentam o processo histórico de dominação por parte das elites e de políticos, haja vista que buscam a construção e/ou manutenção de hegemonia.
A busca pelo diálogo se fundamenta, essencialmente, na humanização do sujeito e das pessoas, na sua liberdade e responsabilidade, o que impõe a obrigatoriedade do respeito a todos, por todos!
Observando-se primeiro a situação-problema em detrimento da coisificação da pessoa, o ato político em Paulo Freire não pode aceitar a tergiversação baseado no ataque ao ser humano.
Nós que somos educadores freireanos, compreendemos a educação como ato político. Logo, somos capazes de ler nas linhas e entrelinhas de um debate ou campanha política, aquilo que cada um expressa como ideologia e valores éticos, seja pela proposta de respostas (ou sua ausência) aos problemas da sociedade, como também entendemos perfeitamente os comportamentos que buscam os afastar as pessoas da razão e da discussão sobre o ponto central, do qual e para o qual, necessitamos de soluções.
Finalmente, cada agente político deve entender seus atos e declarações como uma parte de seu programa para a Educação, o que torna imperativo respeitar seus interlocutores num processo de construção de valores e assertividade, independente da classificação de correligionário ou adversário político.
Exigimos respeito à condição humana!
[1] Pedagogo, psicopedagogo e psicomotricista. Professor Municipal de Salvador, diretor da APLB-Sindicato, Conselheiro Municipal de Educação, Conselheiro do Fundo de Previdência do Servidor de Salvador.