Rede Municipal de Salvador: No 17º dia de greve professores sobem a Colina Sagrada e rogam pela proteção do Senhor do Bonfim

Rede Municipal de Salvador: No 17º dia de greve professores sobem a Colina Sagrada e rogam pela proteção do Senhor do Bonfim

Em mais um dia de atividade que consta na agenda de luta da greve que completa nesta sexta-feira (27), 17 dias, os Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Salvador, liderados pela APLB-Sindicato, legítima representante da categoria, subiram a Colina Sagrada em busca da benção do Senhor do Bonfim.

A categoria esteve presente de forma massiva e, vestidos de branco e acenando com lenços brancos simbolizando a paz do movimento, esclareceram à população da Cidade Baixa sobre os motivos da greve. Buzinaço de carros e ônibus, abraços de pessoas no caminho, aplausos, foram manifestações de apoio ao movimento dos professores. Os vereadores Silvio Humberto  (PSB), Hilton Coelho (PSOL) e a vereadora Marta Rodrigues (PT) assim como Olivia Santana, secretária estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia e presidente municipal do PCdoB, também estiveram apoiando a atividade fortalecendo o pacto pela Educação e o seu empenho em mediar a situação para que as negociações ocorram e que se preserve o respeito à categoria e à população, que necessita da manutenção e retorno das aulas.

“Negocia Neto, o professor quer trabalhar”, era o brado geral, deixando claro de quem é a culpa dos alunos estarem sem aulas. O ato contou com a participação de vereadores integrantes da Comissão Suprapartidária que acompanha e apóia o movimento da categoria: Marta Rodrigues (PT), Silvio Humberto (PSB) e  Hilton Coelho (PSol).

#negocianeto

Até o momento a Prefeitura de Salvador não apresentou nenhuma contra proposta à flexão apresentada pela APLB-Sindicato de reajuste linear no percentual de 6,8% mais 2,5% de avanço na referência. No início da Campanha Salarial os educadores  reivindicavam reajuste linear de 12,41%, para todos os trabalhadores em educação.

A única proposta apresentada pela Prefeitura até o momento foi de 2,5%, referente ao avanço de referência, direito previsto no Plano de Carreira da categoria, que seria assegurado apenas para os trabalhadores efetivos, deixando aposentados e professores Reda de fora, o que não foi aceito pela categoria!

Livrai-nos do mal

Após a caminhada os educadores participaram da missa do horário das 11h e foram abençoados pelo  Padre Edson Menezes da Silva que rogou pela paz e sensibilidade dos gestores nas dificuldades individuais e coletivas. Símbolo de fé e devoção, os professores amarraram fitinhas do Senhor do Bonfim nos portões da Igreja, na expectativa de que o prefeito de Salvador atenda às suas reivindicações e as aulas possam voltar ao normal. 

Agenda da Greve

Na segunda-feira (30), a APLB-Sindicato convoca a categoria para uma assembleia geral, às 10h, no Ginásio dos Bancários, antecedida de reunião do Comando de Greve, às 8h, na Federação dos Bancários.

*Essa agenda pode sofrer alterações de acordo com alguma retomada de negociação. 

Venha com a gente, estamos em  greve!

 

 

Fotos: Adriana Roque e Getúlio Lefundes

ENTENDA OS MOTIVOS DA GREVE:

 

A GREVE dos trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Salvador foi iniciada em 11 de julho de 2018. A data base para o reajuste salarial é maio e desde abril a APLB-Sindicato, entidade representativa da categoria, entregou a pauta de reivindicações e foram realizadas várias reuniões entre o Executivo Municipal e a direção da APLB. Entretanto, como nenhuma resposta positiva foi apresentada, não restou alternativa, senão a greve!

A categoria está cansada da política de arrocho salarial do prefeito ACM Neto, que há três anos impõe reajuste zero, além de investir contra os direitos dos trabalhadores, desrespeitando o Plano de Carreira da categoria. Falta de condições de trabalho na rede e a não realização de eleições para diretores de escolas também estão entre os motivos que levaram à aprovação da greve por tempo indeterminado, a partir de 11 de julho, em assembleia realizada no dia 5 de julho.

Um dos pontos fundamentais da greve é a luta pela melhoria das condições de trabalho.  Muitas escolas em Salvador se encontram em precárias condições de conservação e manutenção e, em grande parte, sofrem pelos transtornos causados pelo calor excessivo ou, quando chove, ocorre suspensão das aulas porque suas dependências apresentam infiltrações, alagamentos, transbordo na rede de esgoto e outros sintomas da inadequação da estrutura, inviabilizando a realização de toda e qualquer atividade na escola. Além disso, faltam professores em diversas escolas, tirando o direito do acesso à educação de muitas crianças.

Reivindicações

A Pauta de Reivindicações da Campanha Salarial dos Trabalhadores da Educação do Município de Salvador contém ao todo 10 pontos, que já foram discutidos exaustivamente entre a APLB-Sindicato e o Executivo Municipal, mas até o momento não houve avanço porque as tratativas esbarram na posição inflexível do governo municipal no que se refere às cláusulas econômicas.

Inicialmente os trabalhadores reivindicavam reajuste linear de 12,41%, para todos os trabalhadores em educação. A contraproposta apresentada pela Prefeitura é de 2,5%, referente ao avanço de referência, direito previsto no Plano de Carreira da categoria, que seria assegurado apenas para os trabalhadores efetivos, deixando aposentados e professores Reda de fora, o que não foi aceito pela categoria!

Diante do impasse, a greve foi a alternativa que restou aos trabalhadores. Já na segunda semana de greve, numa demonstração de responsabilidade e seriedade, a categoria fez uma flexão quanto ao reajuste salarial e aprovou uma contraproposta de reajuste linear no percentual de 6,8% mais 2,5% de avanço na referência para ser entregue ao prefeito de Salvador.

A posição da categoria nesse momento é que o Prefeito negocie com a APLB, visto que atendeu os trabalhadores rodoviários que ameaçaram greve. A pergunta é: por que não atende os servidores que tem relação direta com ele?

Desrespeito ao Plano de Carreira

Os trabalhadores apontam outros problemas, como o não cumprimento de artigos da Lei 8722/2014 (Plano de Carreira), com destaque para a questão do avanço por mudança de nível, no qual se prevê que o educador seja remunerado de acordo com sua titulação acadêmica, requisito necessário a sua formação continuada e que repercute na sua prática pedagógica.

Eles denunciam ainda o processo de achatamento do poder aquisitivo da categoria que acumula uma perda da ordem de 30%, se analisada a projeção salarial de 2015 a 2018 pelo FUNDEB, que estipula o Piso Salarial Nacional para professores.

A direção da APLB aponta os problemas administrativos e político-pedagógicos derivados da não realização da eleição para gestores escolares. A condição de gestão pro tempore que se instalou na rede municipal de ensino, tirou muito da autonomia da comunidade escolar, havendo relatos de equipes escolares pressionadas, inclusive com alertas sobre a possibilidade de perda do cargo comissionado, ou remoção, aos que questionam os atos e determinações da GRE/SMED. Essa situação está relacionada a indícios de assédio moral e abuso de poder contra professores, coordenadores e gestores.

Necessidade imediata de concurso público!

Embora o município anuncie em mídia que a Educação municipal vai muito bem, a verdade é que faltam professores e coordenadores pedagógicos, auxiliares de desenvolvimento infantil e outros atores necessários ao funcionamento das escolas. Além disso, o plano de Carreira foi aprovado pela Câmara em 2014, criando o cargo de Auxiliar Técnico Escolar,  que está sem preenchimento até o momento.

Notícias anteriores

Uma agenda intensa foi aprovada para esta semana. Veja abaixo a agenda de luta desta Sexta-feira:

*Sexta-feira, 27, às 8 horas, grande encontro na Basílica do Senhor do Bonfim. (Todos devem estar vestidos de roupa branca).

 

A luta é minha,também é sua! Venha para o Bonfim, que a greve continua!

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