8 DE MARÇO – Aplicação dos 33,23% de atualização do piso salarial marca luta da CNTE em defesa das mulheres

8 DE MARÇO – Aplicação dos 33,23% de atualização do piso salarial marca luta da CNTE em defesa das mulheres

Nesta terça-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e seus sindicatos filiados estarão mobilizados em todo país pela aplicação dos 33,23% de atualização do piso salarial do magistério e na carreira das trabalhadoras em educação. Além disso, milhares de brasileiras sairão às ruas para pedir o fim da violência contra as mulheres, do machismo, do racismo, da fome e, especialmente, por “Bolsonaro Nunca Mais”.

A luta é em defesa da vida das mulheres, contra a fome, a carestia, a violência, o desemprego, pela saúde, pelos direitos sexuais e reprodutivos, em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), da educação e dos serviços públicos gratuitos e de qualidade.

>> Leia aqui o manifesto completo “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem machismo, racismo e fome”.

De acordo com a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), não há dúvida que é impossível esquecer que a sociedade brasileira é machista e misógina, mas que o atual governo potencializa o conservadorismo. “Bolsonaro odeia as mulheres. Com a edição da Proposta de Emenda à Constituição 32 [Reforma Administrativa], vimos a exacerbação do preconceito, principalmente em relação a mulheres, negros, indígenas, asiáticos, população LGBTQIA+”, afirma. Segundo ela, esses segmentos sociais minorizados teriam, com a PEC 32, enormes dificuldades em conseguir emprego em instituições públicas porque os concursos estariam obstruídos, já que os sistemas de cotas enfrentariam enormes dificuldades.

Para a parlamentar, a Reforma Administrativa não entrega nada do ponto de vista de avanços para a sociedade brasileira no tocante às políticas públicas, e realizaria uma substituição da maioria dos servidores concursados por temporários onde prevaleceria a indicação política, ambiente em que preconceitos e discriminações estariam em alta. “As mulheres, portanto, sofreriam ainda maiores discriminações em função da dupla, muitas vezes da tripla jornada, com outras circunstâncias que assolam as mulheres no mundo do trabalho, como assédio sexual e discriminação com a mulher gestante”, garante.

Já a deputada federal Professora Rosa Neide (PT-MT) destacou que, no governo Bolsonaro, a presença das mulheres na resistência foi de fundamental importância, em especial das mulheres educadoras. Segundo a parlamentar, as mulheres professoras e profissionais da educação são mais de noventa por cento na educação básica. “Pela vontade do presidente Bolsonaro, a escola ensina a ler, escrever, mas não ensina a refletir. Não ensina especialmente o papel da mulher na sociedade atual, as condições de homens e mulheres serem iguais perante a lei”, avalia.

Ela ainda destaca a resistência das professoras, que continuam firmes ensinando e educando, partilhando saberes, experiências de vida, mostrando que é preciso viver numa sociedade solidária, fraterna, inclusiva. “Ser mulher numa sociedade governada por um presidente misógino e preconceituoso não é fácil, mas as mulheres tem dado o recado, tem se encantado cada vez mais com a vida, tem feito a resistência e, assim, ensinam as meninas do país a serem também resistentes”, assegura.

O engajamento da sociedade no 8M é de fundamental importância para conscientizar a população sobre as pautas que envolvem a defesa das Mulheres e da Educação, propiciando maior poder de intervenção junto ao parlamento federal e às instâncias de governo responsáveis pela aprovação e execução das políticas públicas.

Representatividade

Professora Rosa Neide também destacou a importância da representação feminina no Parlamento brasileiro. “Neste ano eleitoral, ano em que as mulheres completam 90 anos de direito a voto no Brasil, teremos a condição de fazer com que a representação das mulheres dê um passo significativo no Brasil”, afirmou.

De acordo com dados apresentados pela parlamentar, já se passaram pela Câmara federal 7.333 homens deputados e apenas 266 mulheres deputadas. Nas eleições de 2020, 948 municípios brasileiros não tinham mulheres em suas câmaras municipais. Além disso, o Brasil possui três estados da Federação sem nenhuma deputada federal.

Para ela, as mulheres já passaram por dificuldades, superações e lições para conquistar espaço e mostrar que a mulher pode e vai estar onde ela quiser. “Por isso, neste mês de março, é importante lembrar que uma das coisas que nos move é o ativismo e a liberdade. É através do ativismo que nos unimos para lutar por mais direitos, autonomia, integridade dos nossos corpos e contra a violência”, destacou.

Mátria

A CNTE também homenageia as mulheres com o lançamento da 20ª edição da Revista Mátria, que traz na capa a cantora Elza Soares, artista incansável na luta contra o racismo e a discriminação contra as mulheres, que morreu cumprindo a promessa de cantar até o fim. E por falar em raça, a revista sai em defesa da Lei das Cotas, cuja importância é fundamental para a igualdade econômica e social no país.

A vigésima edição também fala sobre a representatividade feminina nas eleições de outubro, além da atuação das parlamentares no Congresso Nacional. Ao longo do encarte teórico, Mátria apresenta os efeitos das reformas do Estado entre 2016 e 2021 na Educação.

O leitor também vai contar com uma entrevista com a cientista Lorena Barberia sobre a movimentação feminina na ciência, principalmente em tempos de pandemia. O Coronavírus também é destaque na matéria sobre os órfãos da Covid-19, aquelas mais de 130 mil crianças e adolescentes que perderam a família para a doença.

Ao longo das páginas, Mátria também sai em defesa da manutenção das demarcações de terras indígenas. Além disso, o leitor vai conhecer a luta corajosa das mulheres do campo contra os agrotóxicos.

No quesito trabalhista, a revista mostra a existência de um portal de empregos que promove o encontro de trabalhadores trans com empresas sem preconceito. Mátria ainda fala sobre o fenômeno da “uberização”, que alerta para os riscos de um tipo de contrato sem benefícios trabalhistas no ensino remoto, bem como a violência contra mulher, especialmente pela realidade de confinamento imposto pela pandemia.

Por fim, o leitor também terá oportunidade de folhear páginas sobre a jornada de mulheres gamers para criar seu próprio espaço.

A Revista Mátria será distribuída gratuitamente em sindicatos, escolas públicas e bibliotecas, estimulando o debate sobre temas importantes para as lutas das mulheres por mais segurança, equidade e direitos.

>> Acesse a Revista Mátria 2022 em PDF

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