29 de Agosto – Dia da Visibilidade Lésbica
Por Jhay Lopes*
As primeiras referências escritas sobre amor entre mulheres remontam à Grécia Antiga. A palavra lésbica vem do latim lesbius e originalmente referia-se somente aos habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia. Lesbos foi um importante centro cultural onde viveu a poetisa Safo, entre os séculos VI e VII a.C., muito admirada por seus poemas sobre amor e beleza, em sua maioria dirigidos às mulheres. Por esta razão, o relacionamento sexual entre mulheres passou a ser conhecido como lesbianismo ou safismo.
O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é uma data estabelecida no Brasil, criada por ativistas lésbicas brasileiras e dedicada à data em que aconteceu o 1º Seminário Nacional de Lésbicas – ( antigo Senale, hoje Senalesbi), ocorrido em 29 de agosto de 1996. Portanto, há 24 anos, mulheres lésbicas e bissexuais, nesta data, voltam a lembrar a sua existência, as violências sofridas por elas e as pautas que o movimento reivindica.
É importante falar sobre a visibilidade lésbica, pois durante muito tempo a militância homossexual se concentrava na homossexualidade masculina (gay). A palavra gay era usada como referência apenas do homossexual masculino. A inserção da sigla GLS (gay, lésbicas e simpatizantes) que depois mudou para LGBT ( lésbicas , gay, bissexuais e transexuais ) foi uma a tentativa de colocar na frente a letra ‘L” e retirar da invisibilidade as lésbicas. A visibilidade enfatiza a luta por direitos e alguns desses temas são a lesbofobia, o machismo, a invisibilidade na sociedade e o acesso adequado a serviços de saúde, educação e emprego.
Há algumas violências nessa trajetória, como a Lesbofobia, que é a discriminação sofrida por mulheres lésbicas. Ela é diferente da homofobia, pois, além do preconceito sofrido pela orientação sexual, essas mulheres são vítimas do machismo. Entre as violências mais comuns, estão:
- O apagamento da sexualidade; fetichização ou objetificação do relacionamento entre mulheres;
- Negligência na área da saúde, algo que fica evidente quando vemos a falta de opções para o sexo seguro ou mesmo despreparo de ginecologistas para atender mulheres que se relacionam com mulheres.
- Agressões físicas ou psicológicas.
- Estupro corretivo, termo que se refere ao estupro que tenta “corrigir” a sexualidade da mulher lésbica. Essas violências ficam evidentes em frases constantemente ouvidas por essas mulheres:
“Diz que é lésbica porque nunca transou com o homem certo;Quem é o homem da relação?Posso participar? ou Posso ficar olhando?”, entre outras variações.
A data 29 de Agosto marca a permanente luta em defesa , organização por políticas públicas específicas e para o reconhecimento de cidadania de mulheres lésbicas e bissexuais enquanto mulheres que pagam impostos, trabalham, estudam, votam, têm filhos e contribuem para o desenvolvimento de nosso país.
Neste dia tão importante para as mulheres lésbicas e bissexuais, a APLB-Sindicato segue lutando pela defesa dos direitos básicos do ser humano, o direito ao próprio corpo. Considerando o direito de ser respeitado pela sua orientação sexual como um direito tão sagrado quanto todos os outros, como também expressa o artigo 5 º da Constituição Federal em que cita “ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança …”
Jhay Lopes é diretora do Departamento de Diversidade da APLB-Sindicato*