24 de Fevereiro – DIA DA CONQUISTA DO VOTO FEMININO NO BRASIL – Professora Celina, a inspiração na história da primeira eleitora do Brasil
Professora potiguar foi pioneira ao ter direito de voto no país, em abril de 1928
A professora Celina Guimarães Viana foi a primeira mulher brasileira a ter o direito de voto, no país, em abril de 1928.
24 de Fevereiro – Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil marca um dia historicamente excepcional no que se refere à VALORIZAÇÃO DA MULHER!
A presença das mulheres na disputa por espaços de poder ainda é tímida. Apesar dos avanços e sendo maioria do eleitorado (52,50% nas eleições de 2020, segundo o TSE), apenas 15% dos eleitos em 2020 eram mulheres. Em 2018, as mulheres representavam 16% do total.
Nestes 90 anos do voto feminino no Brasil, nossa homenagem à professora Celina Guimarães e a outras mulheres que foram essenciais para a conquista do sufrágio como Almerinda Farias Gama, Bertha Luz, Antonieta de Barros, Alzira Soriano, Leolinda de Figueiredo Daltro, Mietta Santiago e Carlota Pereira de Queiroz.
Matéria especial de O GLOBO:
BELO HORIZONTE – A pressa dos pedestres e o trânsito movimentado mostram que Santo Agostinho, bairro tradicional de Belo Horizonte, cresce com a cidade. Mas é ali que uma casa de esquina construída nos anos 1940 guarda uma história que resiste ao tempo. Ali viveu Celina Guimarães Viana, a primeira mulher brasileira a ter o direito de voto. Uma professora culta e curiosa que gostava de literatura, arte e moda, contam as netas, e que provavelmente não imaginava que seu pioneirismo teria impacto para as mulheres que vieram depois dela.
Nascida em Natal, Celina morava em Mossoró, no Rio Grande do Norte, quando o Poder Judiciário local permitiu que mulheres se alistassem para votar em uma eleição complementar para o Senado. Celina e outras 20 mulheres se inscreveram. Ela foi a primeira a conseguir esse direito. A família guarda com carinho a foto que registra o momento: Celina, sorridente e de pé, deposita sua cédula em uma urna, cercada por homens, em abril de 1928.
http://oglobo.globo.com/videos/v/celina-a-primeira-mulher-a-votar-no-brasil/7438573
— Naquela época, as mulheres só ficavam em casa, mas Celina não se prendeu às restrições. E o marido dela, Eliseu, apoiou. O que ela fez foi um marco, abriu as portas para a emancipação feminina. O voto é uma das formas de exercer nossa cidadania — diz Gina Viana, neta de Celina.
O Senado acabou invalidando os votos daquela eleição por não aceitar o voto feminino. Mas Celina e as outras mulheres ficaram conhecidas pelo pioneirismo. O sufrágio feminino foi adotado no Código Eleitoral em 1932, no início da Era Vargas, e as mulheres também puderam disputar vagas na política um ano depois.
— Ela era atrevida, sabe? Numa vontade de ver o mundo mais igualitário para homens e mulheres, foi votar. Era uma mulher comum, mas que queria, assim como muitas ainda querem, ter direitos iguais — conta Carla Viana Coscarella, também neta de Celina.
Três anos após o episódio do voto, Celina mudou-se com o marido para Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e, depois, para Belo Horizonte, onde poucos sabiam de seu pioneirismo. Ela morreu aos 81 anos, na casa mineira que resiste ao tempo. Agora, seu nome vai contar outras histórias.