VAMOS JUNTOS NESSA LUTA! – Elza Melo
A Campanha Salarial da rede municipal teve seu início antes do recesso do carnaval, quando reunimos os representantes de escolas para a discussão do Plano de Lutas referente ao ano de 2014 e a greve nacional marcada para 17, 18 e 19 de março. Foi nessa reunião que surgiu a ideia do debate específico da rede municipal sobre o Plano de Carreira, logo no primeiro dia da greve.
A greve nacional convocada pela CNTE e suas afiliadas teve como bandeiras de luta: a destinação dos 10% do PIB e royalties do petróleo para a educação, aprovação do PNE, Plano de Carreira e jornada. A importância e abrangência de tais bandeiras indicam que não devem ser abraçadas só pelos educadores, mas por toda a sociedade.
Entretanto, nos três dias de greve a ausência da maioria dos profissionais da educação foi sentida, fato que lamentamos profundamente! As unidades escolares estiveram vazias nesses três dias e os alunos ficaram em casa.
A programação feita pela APLB-Sindicato foi divulgada amplamente na mídia e nos veículos de comunicação do próprio sindicato. No primeiro dia da greve o debate foi enriquecido com a presença da Deputada Federal Alice Portugal (PCdoB), que fez intervenção sobre os temas em pauta. No segundo momento foi apreciada a proposta do Plano de Carreira que se encontra em discussão com vistas à revisão. Ao final, foi constituída uma comissão, composta por companheiros dos diversos segmentos da categoria, que subsidiará a comissão oficial, criada para tratar da reserva da jornada de trabalho.
Acreditamos que esse debate é do interesse de todos. Acreditamos que a atividade do segundo dia do movimento – a manifestação conjunta das redes estadual e municipal – é importante e interessa a todos.
Acreditamos também ser um aprendizado para todos participar do debate que relembrou o período terrível do golpe militar que teve início no dia 31 de março e culminou no dia 1º de abril, há 50 anos.
Sem dúvida, esta é uma data que deve ser sempre lembrada e debatida por ser uma lição a ser aprendida, pois todos nós somos protagonistas da história, assim como aqueles tantos homens e mulheres que, por lutarem pela restauração do direito de liberdades democráticas, sofreram os horrores do cárcere da forma mais cruel: a tortura, as execuções sumárias, os desaparecimentos. Muitos que tiveram suas vidas ceifadas até hoje suas famílias estão à procura dos seus corpos desaparecidos.
No regime militar a educação sofreu um duro golpe, pois ela passou a espelhar o caráter antidemocrático da ideologia daquele governo. Muitos educadores passaram a ser perseguidos por cumprirem aquilo que suas consciências indicavam como seu papel essencial: formar cidadãos. Muitos foram emudecidos para sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram à vida privada e outros, demitidos, trocaram de função, por serem proibidos de voltar ao exercício, por longo tempo. Universidades foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, mortos. A União Nacional dos Estudantes foi proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores.
Hoje é dia 1º de abril e estamos reunidos em assembleia! Mas, durante a ditadura, centenas de sindicatos estiveram sob intervenção. Eram penalizados todos os que tentassem organizar, participar, distribuir convocações para movimentos reivindicatórios. As greves foram proibidas.
Mas a resistência heroica dos que não abandonaram a luta finalmente derrotou o regime ditatorial.
Rendemos aqui nossas homenagens e o nosso reconhecimento a esses mártires da luta revolucionária do nosso povo, pois são verdadeiros heróis, que nos proporcionaram o caminho para a democracia que vivemos nos dias de hoje, em nosso país. Esse reconhecimento precisa ser demonstrado na prática, na continuidade da luta pela transformação da sociedade, por uma sociedade igualitária, justa e livre de preconceitos.
Somos educadores! Se cabe à escola grande parte da responsabilidade de formar cidadãos críticos, reflexivos, conscientes de seus direitos e deveres, capazes de transformar a sociedade, a nós cabe o compromisso social de possibilitar aos educandos os instrumentos que os capacite a pensar, descobrir, questionar, opinar. É fundamental, por conseguinte, que repensemos sempre nossos valores e atitudes, tendo em vista que é possível um mundo de justiça, paz e igualdade.
“VAMOS JUNTOS NESSA LUTA” é a marca da nossa campanha salarial desse ano. É necessário que cada um reflita o seu comprometimento com a luta por educação pública de qualidade e com os educandos.
NÃO NOS ESQUEÇAMOS: Nossos atos, tanto quanto nossas palavras são as formas mais visíveis de viver nosso papel de ensinantes. Tudo pelo que lutamos ainda não foi conquistado. E o que já conquistamos precisa ser confirmado, ampliado e aprofundado, através da nossa união ativa.
A CADA DIA!
O GIGANTE NUNCA ADORMECEU
E CONTINUARÁ SEMPRE ACORDADO!