Valorizar o trabalhador para sair dessa maré

Valorizar o trabalhador para sair dessa maré

* Por Jorge Carneiro

A vitória eleitoral que reconduziu Rui Costa, com mais de 75% dos votos válidos, ao comando do executivo estadual, mostra a força do seu primeiro governo, sua grande popularidade e poder de inserção entre as camadas mais pobres da Bahia, mas encobre sua relação nada amigável com os servidores públicos que, durante os quatro primeiros anos do seu governo, exerceram participação protagonista na gestão, contribuindo para seu êxito e positiva avaliação.

Para ilustrar isso, basta dizer que as mesas permanentes de negociação deixaram de existir, tanto as que atendiam o conjunto dos servidores, quanto as específicas, que abordavam temas pertinentes a uma só categoria. O resultado disso é desastroso. Não há mais um debate sério e contínuo sobre temas que repercutem na qualidade dos serviços ofertados à população: carreira, qualificação profissional, estrutura, reajuste.

Aliás, sabemos que os servidores públicos do estado da Bahia acumulam uma perda salarial que, em alguns casos, chega a 25%. Não bastasse o reajuste parcelado oferecido nos últimos anos da gestão Wagner (2013 e 2014), a partir de 2015, já com Rui Costa no comando, o trabalhador passou a conviver com o congelamento dos seus vencimentos. Desde 2015 não há reajuste para o funcionalismo baiano. Para piorar, além do governo aumentar o valor do Planserv e limitar o número de exames e procedimentos médicos para quem utiliza o plano de saúde, elevou a contribuição previdenciária de 12% para 14%. Dessa forma, na prática, o servidor teve redução de salário. Hoje, cerca de 30 mil funcionários públicos da Bahia têm vencimento básico abaixo do salário mínimo, um terrível constrangimento para quem ostenta ter economizado R$ 4,7 bilhões e possuir a gestão mais exitosa do Brasil.

À CTB, timoneira nas batalhas pelos direitos dos trabalhadores e pela elevação da qualidade de vida da nossa gente, cabe, enquanto central sindical forte e classista, pavimentar caminhos que possam aproximar o governo baiano da política de valorização profissional e, por conseguinte, de bons serviços prestados ao povo do nosso estado.

*Professor, jornalista e diretor da APLB-Sindicato

Você pode gostar de ler também: