Rui Oliveira ao jornal A Tarde: Não há condições para o retorno das aulas presenciais sem vacina
A prefeitura de Salvador prorrogou, até o próximo dia 26, o decreto que suspende as atividades presenciais de classe das redes municipal e privada de ensino. A determinação foi publicada nesta segunda-feira, 11, no Diário Oficial do Município e faz parte das ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
O porta-voz da Associação de Escolas Particulares de Salvador, Wilson Abdon, afirmou que a entidade foi “pega de surpresa” com a renovação do decreto por parte da prefeitura, mas disse que está confiante que as aulas serão retomadas ainda em fevereiro.
“Ficamos surpresos com essa renovação (do decreto), porque as tratativas que estamos mantendo com a prefeitura e com o Estado são para retomar as aulas presenciais no dia 8 de fevereiro”, explicou Abdon. “Mas há um indicativo dessa possibilidade (do retorno no dia 8 de fevereiro), até porque a renovação foi de apenas sete dias. Estamos na expectativa de que as autoridades irão definir o retorno das aulas no dia 8 de fevereiro, em forma de rodízio”, avaliou.
A associação de escolas particulares, de acordo com Abdon, defende o retorno das aulas presenciais de maneira escalonada e gradual, na modalidade de rodízio, em que seja facultado às famílias o retorno presencial dos alunos.
“Nós defendemos o retorno das aulas presenciais de maneira facultativa, seguindo todos os protocolos de segurança, e em rodízio, evitando qualquer tipo de aglomeração, para que possamos orientar os alunos nesse processo de retomada das aulas”, disse Abdon.
“Estamos conversando com Estado e Município, colocando as necessidades das famílias, o desejo da maioria das famílias que querem o retorno da aula presencial, já que a economia toda abriu e não faz sentido ter escola fechada. Entendemos a situação atual e não tem como pensar em retorno em janeiro, mas a gente tem que começar esse retorno em fevereiro.”, destacou.
Só com vacina
O coordenador-geral da APLB-BA, sindicato dos trabalhadores da educação da Bahia, professor Rui Oliveira, disse que não há “condições para o retorno das aulas presenciais sem uma vacina”.
“Só voltaremos às aulas presenciais se tivermos vacina. Aula a gente consegue repor, vidas não. A gente não pode, em um momento de pandemia, em uma segunda onda acentuada, com um índice de transmissão elevado, expor vidas humanas. Não temos a mínima condição de retorno de aula presencial sem uma vacina”, pontuou Oliveira.
De acordo com o professor e sindicalista, o governo “tem sido pressionado por escolas particulares”, que querem a retomada das aulas presenciais.
“O governo [do Estado] está sendo pressionado pelas escolas particulares para a retomada das aulas presenciais. A gente precisa ter seriedade ao tratar das coisas. Tem muita gente falando em nome da educação, e as pessoas que representam, de fato, a educação, não são escutadas, que são os sindicatos e os professores”.
Judicialização
Segundo Wilson Abdon, há a possibilidade das entidades representativas de escolas particulares de Salvador e de outros municípios judicializarem a questão.
“Existe essa possibilidade (de judicializar o retorno das aulas), há um movimento de associações de escolas, de educação infantil e municípios vizinhos, em judicializar uma ação junto à Justiça para requerer a entrega do protocolo de retorno às aulas, solicitar ao judiciário o retorno às aulas”, explicou.
Abdon, porém, fez ressalvas: “Mas como as tratativas (com Governo e Município) avançaram, a gente segurou um pouco essa ação até para ter uma posição mais clara”.
Atos
O professor Rui Oliveira afirmou que a APLB-Sindicato, em parceria com entidades e centrais sindicais, realizará um ato, na próxima quinta-feira, 14, na capital baiana em defesa do retorno às aulas apenas com a vacina.
A associação de escolas particulares, por sua vez, prometeu um ato nacional no próximo dia 16 a favor da retomada das aulas em rodízio.
Mais restrições
Também foi prorrogado, pelo prazo de 15 dias, as medidas para a contenção da Covid-19 nos estabelecimentos de call center. As regras envolvem: redução em 30% do número de funcionários e proibição de trabalho presencial a colaboradores que fazem parte do grupo de risco, tais como idosos com idade acima de 60 anos, pessoas com histórico de doenças respiratórias e crônicas, gestantes, ou que utilizam medicamentos imunossupressores.
Ainda conforme o decreto, segue proibida até o dia 26 a realização de qualquer ação que implique em emissão sonora, através de quaisquer equipamentos, em logradouros públicos ou estabelecimentos particulares. O Mercado Municipal Antônio Lima, na Liberdade, também deve ficar fechado até a data.
Por fim, os mercados e supermercados devem manter o horário especial para atendimento exclusivo de idosos, pessoas com diagnóstico de câncer e em uso de medicamentos imunossupressores, das 7h às 9h.
Fonte: Jornal A Tarde