Professor Rui Oliveira participa de debate sobre a Educação no Varela Notícias

Professor Rui Oliveira participa de debate sobre a Educação no Varela Notícias

Quarta-feira, 26 de julho, o professor Rui Oliveira participou de um debate no site Varela Notícias. Confira o áudio:

O link da entrevista: 

http://varelanoticias.com.br/presidente-da-aplb-avalia-atuacao-do-sindicato-compromisso-de-luta/

 

Confira a entrevista na íntegra:

Varela Notícias – A APLB participou esse ano de diversos manifestos: é uma característica sair das salas e ir às ruas?

Rui – A APLB e os professores, em geral, têm uma tradição de muita luta, porque é uma categoria muito sofrida, que não é muito valorizada pelos governantes. Nesse sentido, nós temos o sindicato em todo o estado da Bahia praticamente, em mais de 380 municípios, então a APLB é plural, porque em todas as direções ninguém pede atestado ideológico, claro que tem uma afinidade maior com o campo da esquerda, mas tem que ter o compromisso de luta e as estratégias são cada uma de uma maneira específica, então não existe uma linha reta, digamos assim”.

VN – Você falou sobre uma afinidade com o campo da esquerda, como funciona essa relação?

Rui – No setor patronal você tem o sindicato ligado ao patrão, tudo ligado ao campo da direita ou de centro, então você pega uma Federação das Indústrias, dos Lojistas ou a Federação do Comércio. Está ligado a quê? É uma tradição de atuação: o campo empresarial ligado ao centro e o campo da luta dos trabalhadores ligado à esquerda, pessoas que têm militância”.

VN – Olhando de modo geral esse contexto político, como os professores e os demais profissionais se veem representados?

Rui – Fizeram o ajuste fiscal, que vai congelar investimentos por 20 anos, depois a reforma do Ensino Médio, onde vai aprofundar as desigualdades sociais. Vem pra dizer, na propaganda, que o aluno poderá escolher o seu itinerário formativo, só que esqueceram de dizer que, dos 5.500 municípios, mais de 2.800 só tem uma escola de ensino médio. Segundo, vai atingir profundamente a formação dos professores, porque propõe que tenha um profissional de notório saber, na opinião deles é alguém que tenha uma certa habilidade com um conteúdo, isso não é ensino, é adestramento”.

(Foto: Varela Notícias)

VN – Falando especificamente de Salvador, qual é a realidade dos professores da rede municipal?

Rui – Na rede municipal existe uma guerra do ponto de visto de conquistas. Embora tenha sido um desastre de gestão, o João Henrique foi onde os professores tiveram um maior ganho econômico e político. Na atual gestão, costumo dizer que têm sido cerceado os direitos dos professores da rede municipal. Na rede estadual, você fez uma pós-graduação, você muda de nível. No município isso está congelado, você tinha uma gratificação chamada de ‘difícil acesso’, que era 30% e agora estão acabando. Uma promoção de dois e meio por ano, isso tem três anos que não acontece, além da licença-prêmio”.

VN – Diante desses entraves citados, de que forma se estabelece a relação com o prefeito ACM Neto

Rui: – Uma relação institucional, de respeito. O prefeito foi eleito, tem que respeitar. Ninguém vai tirar a legitimidade dele. O que acontece é que fica só o institucional, não tem uma reformulação no sentido de convencimento da necessidade de valorização dos trabalhadores públicos. Isso gera insatisfação, paralisações e diversos distúrbios. Na rede estadual, pra se ter ideia, paramos 14 dias, a remuneração foi discutida escola por escola, na municipal, se parar um dia, já tem descontado. O diálogo é dessa forma: parou, cortou”.

VN – Salvador tem presenciado intensos debates sobre o projeto ‘Escola Sem Partido’, qual análise é feita de tudo isso?

Rui – “Tudo isso vai fazer com que você seja sufocado dentro da escola. Eu não sou professor de química, sou um educador, então eu não posso tratar da química sem contextualizar. Essas relações sociais dentro da escola não é partidarizar ninguém, a escola é plural. Não temos que ter partido, mas posições. Vai ser a lei da mordaça, a ditadura militar, como eles queriam na época voltar a disciplina de Educação moral e cívica”.

(Foto: Varela Notícias)

VN – Qual é a avaliação hoje do secretário Walter Pinheiro à frente da pasta da Educação?

Rui – Temos um quadro muito ruim no estado da Bahia, sendo campeã no número de analfabetos, além do maior número de professores sem formação para atuar. Na rede estadual você tem diversos professores com formação em pedagogia e que dão aula de física, química, matemática e até educação física. É um desastre. Você também os terceirizados que sofrem e comem o pão que o diabo amassou. São grandes questões que uma pessoa só não resolve, tem que haver uma construção coletiva para resolver isso, trazer financiamentos e tentar estancar essa ferida”.

VN – A APLB já orquestra algum ato futuro, como está essa organização?

Rui – Nós somos ligados às centrais sindicais. A APLB é filiada a CTB, junto com outras centrais, a CUT, entre outras, que organizam e orientam os trabalhadores no plano nacional, então nós vamos seguir essa linha. Temos dia 18 de agosto a vinda do Lula, que é uma orientação, e temos debates, vai ter atividade no subúrbio, um ato cultural pela ‘Frente Brasil Popular’ e ‘Povo sem Medo’, e nós estamos seguindo esse caminho, construindo coletivamente”.

Você pode gostar de ler também: