Pressão pelo piso vai continuar

Apesar da expectativa, ainda não foi desta vez que o projeto do piso salarial nacional  dos profissionais em educação foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A convocação, em esforço concentrado, para votar matérias urgentes, limpar a pauta e facilitar a aprovação da  Emenda Constitucional que prorroga a cobrança da CPMF até 2011, fez com que outras matérias ficassem para depois.
Sobrou para os educadores, mais uma vez. Até quando? Tudo leva a crer que é preciso aumentar a pressão sobre os congressistas que, parece, não se deram conta da importância do piso para os educadores.
As pesquisas indicam que a sociedade deseja a valorização dos profissionais da educação. Mas também de nada vai adiantar um piso salarial defasado, destinado a profissionais com formação inadequada, cumprindo uma carga horária pesada em escolas sem estrutura adequada para o aprendizado.
A CNTE sabe que a luta está longe de acabar. Há muita tramitação pela frente. Mas, há também , muita disposição para pressão política. Desistir, jamais.

Lanterna Apagada
Juras de apoio à educação figuram em programas de partidos e discursos de políticos.Não há agremiação ou autoridade que desconheçam a importância de o país ter uma população qualificada, apta a enfrentar os desafios impostos pela convivência social e pelo mercado de trabalho. As palavras, porém, nem sempre ultrapassam os limites da fala. Do belo som dos vocábulos à dura realidade do Terceiro Mundo, abre-se profundo abismo.
É o que prova o relatório Panorama sobre a educação, divulgado na terça-feira pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entre 36 países analisados — 30 membros da OCDE e seis convidados — o Brasil ficou em último lugar. É, entre os membros do clube de quase quatro dezenas de parceiros, o que apresenta menor investimento anual por estudante — do ensino fundamental ao superior.
Valem comparações. Um aluno aqui custa US$ 1.303 por ano (cerca de R$ 2.448). Em Luxemburgo, país que mais gasta em educação, o valor atinge US$ 13.458 (R$ 25.705).A média da OCDE beira os US$ 7.527 (R$ 14.376). O Chile, a outra nação sul-americana analisada, despende mais que o dobro do Brasil — US$ 2864 (R$ 5.470).
A proporção do PIB investida no setor — medida da prioridade dada ao tema — não apresenta dados mais animadores. Com o índice de 3,9%, o Brasil fica em 34º lugar, à frente da Rússia (3,6%) e da Grécia (3,4%). Dinamarca e Luxemburgo, na dianteira, alcançam os 7,2%. Mais: o Brasil também exibe a maior diferença entre os gastos por estudante no ensino fundamental e médio em comparação com o universitário.
Ninguém — como provam os discursos que se tornaram lugar-comum —, ignora que a educação constitui o calcanhar-de-aquiles nacional. Impõe-se transformar as palavras em atos. O levantamento da OCDE alerta para a necessidade de investir mais no setor. Abrir os cofres, porém, é condição necessária, mas não suficiente. É preciso melhorar a qualidade dos gastos — concentrar as aplicações nos fins e evitar desperdícios.
Vencer o atraso não constitui tarefa fácil nem rápida. Exigirá empenho e esforço suprapartidário. Sobretudo no mundo globalizado, as carências no setor ganham relevância. Quanto maior a escolaridade do trabalhador, mais competitivo o país se torna. Assim, investir com seriedade na formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos significa munir a nação dos instrumentos de que necessita para ombrear com os concorrentes.

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