Jornada de trabalho é centro do lançamento da 4º Marcha

O Senado foi palco, nesta quarta-feira (7), do lançamento oficial da 4º Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, a se realizar dia 5 de dezembro em Brasília. Na cerimônia de abertura, cerca de 200 pessoas e representantes de cinco centrais foram incisivos em afirmar a importância da unidade das entidades para defender bandeiras da classe trabalhadora. A defesa da redução da jornada de trabalho sem redução de salários será a principal pauta da manifestação, segundo as centrais.
Participaram da mesa de lançamento da marcha a CUT, a UGT (União Geral dos Trabalhadores), a Força Sindical, a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) e a NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores).

Depois do ato, os representantes das centrais entregaram aos presidentes do Senado, Tião Viana (PT-AC), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a pauta de reivindicações da marcha.

Segundo o presidente da CUT, Artur Henrique, as bandeiras foram ampliadas e interessam ao conjunto da classe trabalhadora.

“Resolvemos inovar e fazer uma ampliação do debate a respeito da marcha”, disse Artur.

 

Redução da jornada de trabalho

A primeira e mais importante reivindicação é à diminuição da jornada de trabalho sem redução de salários. Os dirigentes falam que a bandeira é fundamental para quem quer discutir produtividade e ganhos da empresa.

Os dirigentes acreditam que, no momento atual, em que se fala tanto sobre a necessidade de geração de emprego, esse deve ser o centro da ação unitária do movimento sindical.

O presidente da CGTB, Antonio Melo, disse que as centrais têm convicção de que, no governo Lula, conseguiram reduzir um pouco a jornada de trabalho.

“Queremos reduzir para 40 horas. Nós sabemos do compromisso que ele [presidente Lula] tem com a classe trabalhadora e o povo em geral”, afirmou.

Mais e melhores empregos

A segunda reivindicação é relacionada a mais e melhores empregos. Os membros das centrais acham que não adianta criar mais postos de trabalho com empregos indecentes, informais, empregos que não dão acesso ao conjunto formal de direitos da classe trabalhadora.

“Mais e melhores empregos tem a ver com o combate à informalidade, combate a precarização, combate às más condições de trabalho e combate à terceirização”, manifestaram os participantes.

A terceira é o fortalecimento da Seguridade Social e das políticas públicas. O dirigente da CGTB diz que é importante resgatar o papel da Seguridade Social, como é previsto na Constituição. Para Antonio, a seguridade vem sofrendo ataques constantes, e ele desconfia que até na reforma tributária ela vai sofrer um ataque de retirada de recursos.

Unidade

A unidade das centrais para realização da marcha já é tradicional, informa o presidente da Força Sindical, e líder do Bloco de Esquerda na Câmara, deputado Paulinho Pereira (PDT-SP).

A união das centrais mostra, segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, que a criação de novas centrais não fragmenta o grupo. “Mais do que isso, ajuda a mobilizar os trabalhadores, os sindicatos, federações e confederações”, disse João Carlos.

Já o presidente da CUT enfatizou que a unidade das centrais não desfaz as suas diferentes concepções.

“Ninguém está achando que porque estamos fazendo uma ação conjunta é porque todas centrais sindicais resolveram seus problemas de concepção e de prática sindical”, disse Artur.

“Eu acho que as centrais sindicais amadureceram a ponto de perceber que divididas não vão conseguir avançar e ter resultados concretos, como tivemos nas últimas três marchas”, afirmou o cutista.

O representante da NCST, Sebastião Silva, diz que a proposta da marcha aponta para um país em que os trabalhadores são capazes e qualificados de apresentar uma agenda que traga o desenvolvimento para a nação.

Francisco Canindé Pegado do Nascimento, secretário geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores), disse que o lançamento da 4º Marcha “dá uma unidade de ação, que nós já deveríamos desenvolver á muito tempo. Os resultados surgiram justamente quando começamos a criar e lutar por bandeiras comuns do conjunto das centrais sindicais”.

Movimento pró-CTB

O movimento pró-Central Classista, provisoriamente intitulado de pró-CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), também esteve presente no lançamento da marcha.

Segundo João Paulo Ribeiro, da Coordenação Geral da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras), “o movimento pró-CTB está mobilizando amplamente todos os seus sindicatos para a marcha do dia 5. Nosso objetivo é dar uma grande contribuição para fazer desta marcha uma reedição da marcha dos 100 mil, última grande mobilização dos trabalhadores.”

Ele também informou que a expectativa da marcha é mobilizar, no mínimo, 50 mil pessoas em Brasília. “Vamos tomar a Esplanada dos Ministérios e dar uma demonstração de força em defesa de nossas reivindicações históricas”, disse João Paulo.

A empolgação do também membro da Corrente Sindical Classista (SCS) não é à toa, já que o lançamento do movimento pró-CTB do Distrito Federal está marcado para o dia 4 de dezembro – um dia antes da 4º Marcha – e o da futura central para dias 12,13 e 14 de dezembro, em Belo Horizonte.

“Para o movimento pró-CTB a marcha do dia 5 será um momento crucial. Ela poderá ser um termômetro de nosso potencial de mobilização para a fundação da nova central. Neste sentido, entendemos que a marcha é a prioridade número ‘zero’ da CSC. Se tivermos uma grande presença de mobilização no dia 5 deixaremos mais claro a nossa capacidade de mobilização, tanto para a fundação da nossa central, como para todos os grandes desafios que estamos nos propondo a vencer”, registrou o dirigente ao Vermelho.

Legalização das centrais

O deputado Paulinho da Força alertou que a impressa só está noticiando a questão do imposto sindical. O líder chamou atenção que, para além dessa reivindicação, “existe uma pauta sindical que são reivindicações históricas dos trabalhadores.”

Nesta Quarta-feira (7), os representantes das centrais terão uma reunião com o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Lupi, para resgatar e renovar o acordo feito, anteriormente com o ministro do Trabalho e da Previdência Social e com o próprio presidente Lula, que ia além da legalização das centrais.

“É a gente pôr na ordem do dia qual era o acordo das centrais, que não tratava apenas da legalização das entidades e do imposto sindical. A primeira era legalizar o comércio aos domingos, reconhecer as centrais sindicais, criar um novo imposto sindical, criar um conselho nacional do trabalho e regulamentar o direito de greve do setor público. Então temos uma pauta e vamos resgatá-la”, afirmou Paulinho.

De Brasília,
Alberto Marques

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