Governo tira folha de pagamento do Bradesco

ECONOMIA

03/10/2007 (23:21)

 

 

 

A TARDE On Line e Biaggio Talento, da Agência A Tarde

 

O governo baiano comunicou, oficialmente, em discreta nota pública veiculada nesta quarta-feira, 3, no site da Agência Geral de Comunicação do Estado (Agecom) que vai trocar os serviços bancários do Bradesco por outra instituição, provavelmente o Banco do Brasil, conforme informou à reportagem, extra-oficialmente, uma fonte do governo.
Com isso, a folha de pagamentos do funcionalismo deixa de ser operada pelo Bradesco, o que vinha ocorrendo desde 1999, quando a instituição adquiriu o Banco do Estado da Bahia (Baneb) num processo de privatização muito criticado pelos partidos que faziam oposição ao governo de então, do PFL. O total de dinheiro que passa anualmente no Bradesco, para o pagamento dos servidores públicos da Bahia gira entre R$ 4,8 bilhões a R$ 5 bilhões.
O Baneb foi adquirido pelo preço mínimo do leilão R$ 267 milhões, depois de ter sido “saneado” pelo governo baiano com a ajuda do federal. Nesse processo, interessado em promover a privatização dos bancos estaduais, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou um empréstimo de R$ 1,5 bilhão para o ajuste do Baneb, que teve o número de funcionários reduzidos de 7.000 para 2.825 empregados.
Um dos itens da negociação previa que o Bradesco operaria a folha de pagamentos do funcionalismo herdado do Baneb por cinco anos, tendo sido esse prazo renovado por mais cinco. Com isso, esse segundo contrato só venceria em 2009.

RESPALDO LEGAL – Nenhum representante do governo baiano foi encontrado nesta quarta à noite para explicar se houve quebra de contrato, mas a nota pública diz que a decisão teve respaldo da Procuradoria Geral do Estado, “que orienta a adoção de providências imediatas para contratação de banco público, obedecendo assim as determinações impostas pela lei”. Detalhes da substituição serão revelados em entrevista do Secretário da Fazenda Carlos Martins, às 9 horas desta quinta-feira, 4, na Sefaz.
O deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB) que era o presidente do Sindicato dos Bancários na época da privatização do Baneb, lembra que a negociação foi um “verdadeiro presente” ao Bradesco. “Além do valor baixo da venda, o Baneb tinha um crédito fiscal de R$ 500 milhões”, disse, explicando que a privatização foi muito traumática para os bancários. “Criou-se um clima de incerteza e terrorismo e temos registrados quatro suicídios de funcionários do Baneb provocados pela venda ao Bradesco”, disse, achando que o correto mesmo seria a folha de pagamento do funcionalismo ser operada por um banco público como o BB.

 

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