Dia do Professor na mídia. Confira as entrevistas com Rui, Lusmá e Valdice

A TARDE

 

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=796821

CIDADES

Professores têm pouco a comemorar

Maria Clara Lima, do A TARDE On Line

Foto de: Lúcio Távora / Agência A Tarde

 

O fim de semana que começou mais cedo, com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, nesta sexta-feira, ganha um prolongamento nesta segunda-feira, 15, Dia dos Professores. Em homenagem aos mestres, as escolas públicas e privadas de todo o Estado estão em recesso, mas a julgar pela situação da categoria, a data não inspira comemorações.

“O professor é submetido a péssimas condições de trabalho – jornada tripla, superlotação nas salas de aula, ambiente estressante, não tem assistência médica adequada e os salários são baixos. Das profissões de nível superior, essa é a pior em remuneração”, dispara o coordenador geral da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Rui Oliveira.

Professor há 25 anos, ele mostra em números, o tamanho do desprestígio que atinge a profissão. Segundo dados da APLB-Sindicato, mais de 16 mil dos 45.170 professores da rede estadual, ganham entre R$ 350 e R$ 600 reais. A jornada tripla, explica Oliveira, se deve aos três turnos assumidos pelo professor para completar uma renda mensal satisfatória devido, justamente, à questão salarial. Entre as conseqüências da árdua profissão, estão o estresse, calos nas cordas vocais e problemas na coluna.

Desvalorização

Foram essas as razões que levaram Josimeire Pitangueira, 35, a abandonar a profissão. Quando concluiu o magistério, ingressou e se formou em técnica em química pela Escola Técnica. A opção custou-lhe uma doença ocupacional que a afastou do trabalho há 13 anos. “Não me arrependo. Ensinar é uma profissão de muita dedicação, mas no nosso país o professor não é valorizado”, argumenta. Josimeire disse que se visse uma perspectiva de futuro, teria continuado como professora, em paralelo com a outra profissão escolhida.

Melhoria da qualidade de vida, para o professor, significa abdicar de uma boa condição financeira. Assim fez a professora Rita Lobo, 40. Há cinco anos, ela deixou de trabalhar nas escolas municipais e particulares para se dedicar somente ao ensino de biologia no Instituto Central de Educação Isaias Alves (Iceia).

Rita confessa que, apesar de gostar de sua profissão, se sente desestimulada por conta dos baixos salários. “Eu amo o que faço, o problema é a falta de incentivo e qualificação. Quando pego contra-cheque no final do mês me sinto desestimulada”. Professora de nível três, com especialização em biologia, Rita ganha pouco mais de mil reais por mês.

Déficit

Mesmo sem formação específica, Rita chegou a dar aula de química para cobrir o déficit de professores na disciplina. Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), dos 19.958 professores da rede estadual de ensino médio do estado, 1.908 ensinam física e 1.902, química. Já história, disciplina de carga horária semelhante, tem 2.996 professores.

O superintendente de Recursos Humanos da SEC, José Carlos Sodré, admite a falta de professores nestas áreas, mas ressalta que ações estão sendo tomadas para resolver este problema. Segundo ele, sobre este assunto, salas superlotadas e outras esvaziadas são comuns.

“A rede estadual de ensino está passando por um processo de reestruturação. Primeiro, a Ação de Pesquisa Educacional que faz uma radiografia das necessidades do Estado e uma outra ação para envolver o município”. Ele garante que até o final de novembro deste ano, estas duas ações, pré-requisitos para a reestruturação da rede, serão concluídas.

No seu entender, a falta de professores, assim como o desestímulo destes profissionais e as carências de estrutura e material das escolas, interferem na qualidade de ensino e, naturalmente, no aprendizado do aluno. O que falta? “Uma política pública voltada para isso no Estado”, diz. Na opinião do coordenador da APLB, o que falta é vontade política. “O governo senta, discute muito, mais não age”.

Elo fraco

Segundo o professor de história do Brasil e diretor de organização e administração da Associação de Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb), Carlos Zacarias, o investimento em educação é pequeno. Em 2006, o governo federal pagou R$ 276 bilhões em juros e amortização da dívida pública, mas investiu somente R$ 36 bilhões na saúde e R$ 17 bilhões na educação.

Para Zacarias, o professor é o elo mais frágil dessa cadeia. “Muito dificilmente você encontra um adolescente que quer ser professor. Somos estigmatizados como sofredores”. Gillene dos Santos Silva, 18, é uma das exceções. Dos três mil alunos do Instituto Central de Educação Isaias Alves (Iceia) – único colégio da rede estadual em Salvador com habilitação para formar professores – ela é uma entre os 452 estudantes que pretende seguir o magistério.

Ela confessa que, no início, não se sentia estimulada a seguir a profissão, mas a influência da família – ligada à educação – pesou na sua escolha. “As crianças acabam estimulando a gente. São elas que me impedem de jogar tudo para o alto”.

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Porto Alegre: XX Encontro Estadual de Educação debate a municipalização do ensino

 

Por: Cpers Sindicato

 

A municipalização da educação foi tema de discussão na noite da última quinta-feira (11/10) na abertura do XX Encontro Estadual de Educação promovido pelo CPERS/Sindicato, no auditório Dante Barone, em Porto Alegre. O economista e cientista político Alexandre Ferraz, que é técnico do Dieese, falou aos educadores gaúchos como está acontecendo a municipalização do ensino em São Paulo e que entendimento a Apeoesp – Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo tem deste processo.

Em São Paulo o processo está mais avançado que no Rio Grande do Sul. Lá começou em 1996. É um processo composto, basicamente, de três pontos: 1. determinação política do governo do estado; 2. estímulo econômico do município; 3. mecanismo de financiamento que redistribui valores aos municípios e estados a partir do número de matrículas, o Fundeb.

Ferraz frisou em sua fala que a responsabilidade pela educação infantil é exclusiva dos municípios, ficando o estado com o ensino fundamental e médio. O que não quer dizer que um ou outro tenha as duas competências. Porém, cada administrador sabe que, conforme determina a LDB, primeiro deve atender o seu público.

Segundo o técnico, a Apeoesp entende que a municipalização pode conduzir a uma fragmentação pedagógica.

– Num processo que envolve a transferência de alunos e educadores, acabam os últimos ficando em situação precária, pois trabalham para o município, mas permanecem vinculados ao estado, porém sem os mesmos direitos daqueles que continuam atuando na rede estadual. Caso não sejam aproveitados, ficam sem atribuição de aula – explica Ferraz.

Um perigo apontado por Ferraz é o fato de os professores de municípios menores viverem uma situação de vulnerabilidade contratual do ponto de vista do clientelismo, o que dificulta sobremaneira a organização sindical da categoria.

– Num primeiro momento, o Fundeb pode até representar um acréscimo de recursos para se investir na educação, e isso funciona como uma espécie de estimulo aos municípios, mas o que os administradores esquecem é que o Fundeb tem prazo de duração determinado, e isso pode representar um problema no futuro – destaca Ferraz.

Já o Estado tem certeza de que apenas ganhará com a transferência de escolas para os municípios.

 

 

A TARDE

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 15/10/2007

1º Caderno

Professor, o primeiro líder

O Brasil precisa, desesperadamente, que sejam respeitados e valorizados os seus professores. É sobre eles, e não apenas sobre programas de desenvolvimento, mecanismos de controle inflacionário ou reformas tributárias que se apóia o futuro do País. Exatamente por isso é que o professor não pode ser impedido de realizar o seu trabalho fundamental, pela falta de vontade política de alguns governantes. O professor é o líder das novas gerações. É o gerente dos novos departamentos.

O gestor dos novos recursos humanos.

O maestro das novas orquestras. É umprofissional cujo trabalho não se restringe aos horários nem aos ambientes da sala de aula. O professor ensina sempre, em todo lugar. Seja pela transmissão de conhecimento, seja pelo exemplo, seja pelos pequenos gestos do dia-a-dia.

Assim, acabam atuando como professores incidentais todas as pessoas que, de algum modo, contribuem para a educação das nossas crianças.

Jorge Amado, por exemplo, foi um educador e tanto. Dedicou ao filho de um ano de vida um livro terno, belo, chamado O gato Malhado e a andorinha Sinhá, com o objetivo explícito de ensinálo a não ser preconceituoso. Um gesto de imenso afeto e preocupação com o futuro.

Do mesmo modo, Jorge Amado ensinou que a exclusão é condenável, e que só se pode resgatar uma sociedade quando se respeitam a história, a cultura, e – por que não? – os defeitos e limitações dos jovens. Fez isso exemplarmente em Capitães de Areia, que funcionou como um altissonante grito de alerta contra a discriminação. Isto é ser professor. Mas os professores profissionais são mais do que pessoas comuns, porque educam com o compromisso do método, da didática, tendo como princípio elementar a conduzir os seus atos a sagrada vocação do magistério.

Nossos professores têm desafios enormes.

Precisam, em primeiro lugar, dominar a matéria, mas precisam estar dotados do espírito da inovação.

Isto porque o aluno já não aceita ser a parte passiva da relação ensino-aprendizagem; graças às facilidades que o mundo contemporâneo oferece, o aluno dispõe de muitas informações, e tende a ser mais inquieto e menos concentrado. O grande desafio do professor, então, tem sido atualmente de se transformar em problematizador, não em facilitador do processo de aprendizagem.

Para chegar a isso, exige-se dele que adquira um conhecimento mais amplo: o conhecimento da alma dos alunos, que sonham, aspiram, têm traumas e têm bloqueios.

O professor disputa, no convívio com os alunos, com a família desagregada, com a carência, com a violência e com a exclusão. Por isso o seu trabalho é extremamente difícil. Mas que, bem feito, dignifica ele mesmo e a sociedade como um todo. No dia de hoje, nossa homenagem aos mestres do Brasil. Aos que ensinam em salas, em casa, nos livros. Oxalá o Brasil volte a valorizar seus professores.

A geração que virá depois agradece

 

A TARDE

 

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 15/10/2007

1º Caderno

Professor: missão de amor

Hoje faz 180 anos que Dom Pedro I, aproveitando o dia dedicado à educadora Santa Tereza D´Ávila, baixou o Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil.

Visionário, o primeiro imperador do Brasil sempre incentivou a educação, importante caminho para conquistar a verdadeira independência do País. Apenas 120 anos após o decreto, em 15 de outubro de 1947, foi comemorado pela primeira vez o Dia do Professor.

Nesses quase dois séculos, a educação brasileira passou por muitas transições.

Não é preciso buscar documentos históricos da época do rei de Portugal para perceber as mudanças no ensino do País. Conversar com jovens professores e com profissionais que dedicaram parte significativa de suas vidas a lecionar mostra como as alterações sociais, políticas e econômicas refletem diretamente no ensino. Por outro lado, também fica visível como o carinho e a dedicação aos alunos é uma característica imanente ao professor, não importa quantas décadas os separem.

Já afastada do cotidiano da sala de aula, a professora Lusmá Freire Guimarães, 60 anos, recorda com saudade os 26 anos dedicados ao ensino. “Desde os 8, 10 anos, sabia o que queria”, afirma. Aos 14 anos assumiu sua primeira turma, como professora leiga, em Itapetinga.

Em 1981 veio para Salvador, onde passou a ensinar no Colégio Afrânio Coutinho, em Sete de Abril. É de lá que guarda as mais diversas recordações.

Ela lembra de um estudante que levantava da cadeira no meio da aula e começava a chutar os colegas.

Em vez de castigá-lo, procurou a família para saber as causas da agressividade. “A mãe era pior que ele. O menino tomava remédio controlado e apanhava do pai para dormir”, conta. “Alunos têm respeito por professor como uma pessoa superior. Se dá sermão, pode perder essa ligação”.

Uma vez a professora viu um piolho andando na camisa de um garoto. Disfarçou e chamou ele do lado de fora da sala. Retirou o inseto sem que os outros vissem e evitou que ele virasse motivo de gozação entre os colegas.

Em outra oportunidade, a turma estava na maior algazarra.

Quando ela foi verificar o que estava acontecendo, encontrou uma humilhada aluna com um cartaz posto nas costas pela própria mãe, no qual se lia: “Eu mijo na cama”.

Indignada, Lusmá arrancou imediatamente os dizeres e procurou a mãe da garota. “Avisei que o que ela fez era crime e que a menina nunca mais iria esquecer”, conta.

DEVER DE CASA – Professora Lusmá só saía do sério mesmo era quando os alunos não faziam a tarefa de casa. “Já chorei em sala de aula. Se numa turma de 35, só cinco levavam exercício era porque meu trabalho não estava dando certo. Tinha vontade que meus alunos crescessem. Mas era difícil fazer com que trocassem a pipa, a bola e a gude pela tarefa de casa”, obser va.

O resultado de tanta dedicação se materializava em bilhetes, cartas e cartões de Natal que recebia.

Todos guardados até hoje com apreço. “Esse carinho é a maior lembrança que tenho. De alguns já nem lembro a fisionomia.Mas até hoje sempre releio o cartões. Não tenho motivo para recordações negativas”, revela.

Além desse carinho que recebia, um dos maiores orgulhos de Lusmá é que ao longo de toda a sua carreira sempre foi respeitada pelos alunos. “O que observo hoje e me incomoda muito é que falta respeito nas relações. Eles xingam os professores, que correm risco para ensinar”, lamenta.

JOGO DE CINTURA– Para superar estes e outros contratempos modernos, Marcelo Henrique de Souza, 35 anos, nove como professor de Geografia, dá a receita: é preciso ter jogo de cintura. Lidar com falta de material didático básico, como papel, caneta piloto e cadeiras para os alunos sentarem, exige do professor, de fato, muita criatividade “Há professores que fazem da escola um bico. Isso prejudica aqueles que são comprometidos com a educação e sabem do papel social que têm que cumprir”, ressalta Marcelo, que trabalha em dois colégios públicos nos bairros carentes de Periperi e Pau da Lima.

“Além de trabalhar o conteúdo acadêmico e preparar o jovem para o mercado de trabalho, temos que ensinar educação doméstica, pois muitos vêm de famílias desestruturadas”, acrescenta.

Apesar desses percalços, o professor não perde o otimismo. Em uma das escolas que ensina, a Felipe Busquet, em Periperi, diz, por uma iniciativa da antiga direção, foi criada, em 2000, uma disciplina de relações humanas em que são abordados ética e respeito.

Uma vez ao ano, conta, os estudantes arrecadam sabonetes, pastas de dente e outros materiais de limpeza e vão fazer a doação pessoalmente em creches, orfanatos e asilos de idosos. “É importante que eles conheçam outra realidade da vida e aprendam a valorizar mais a família”, explica.

O professor destaca que as dificuldades estruturais são superadas pelo compromisso de toda a equipe, que adota a prática de desenvolver projetos. Um deles, por exemplo, acontece entre os dias 18 e 20 próximos, quando será promovida uma gincana cujo tema é a sexualidade e agrega conteúdo de diversas disciplinas.

Um outro projeto, sobre consciência negra, rendeu um dos momentos mais emocionantes da carreira do professor. Após um mês de oficinas, os alunos fizeram uma apresentação. “Eles mostraram que são capazes. Têm criatividade e senso crítico” “Ser professor vale a pena”, afirma Marcelo. Porém faz uma ressalva.

“Mas temos um grande desafio: conseguir sobreviver com o salário de professor”.

 

A TARDE

Salvador, Bahia
Segunda-Feira , 15/10/2007

1º Caderno

Experiência pessoal enriquece desempenho em sala de aula

O sofrimento de ter um filho dependente de drogas ao longo de oito anos marcou a vida da professora Valdice Edington dos Santos, 53 anos. A dolorosa experiência pessoal serviu de motivação para ela se engajar em ações comunitárias. Hoje, ela é voluntária de entidades beneficentes que acolhem meninos de rua e usuários de drogas, em Santo Amaro da Purificação, município a 72 quilômetros de Salvador, onde mora e trabalha como professora há 32 anos.

Seu filho, recuperado do vício, fundou a Casa Vida com Propósito, que recebe jovens que retornam à cidade após ficarem no Centro de Recuperação. “Desempregados e sem perspectiva, eles acabam traficando”, lamenta Valdice. Na entidade, recebem apoio para desenvolver e vender trabalhos manuais, o que lhes dá uma fonte de renda.

“Minha experiência como mãe e professora me permite identificar, no comportamento do aluno, quando há algo errado”, observa a professora de Matemática do Colégio Polivalente de Santo Amaro.

Desemprego, desestruturação familiar, alimentação inadequada e falta de moradia digna são enumeradas por Valdice como causas para o problema que ela considera o mais grave na educação contemporânea, a violência. Esse, diz, é o maior diferencial em relação à escola que ela conheceu a três décadas atrás, quando começou a lecionar.

“Os jovens estão muito agressivos. A violência é grande.

Eles xingam os professores. Mas compreendo que eles não são culpados”, acredita Valdice.

“Além de professora, é preciso ser mãe e psicóloga”, explica.

FRUSTRAÇÃO – A impossibilidade de ajudar uma estudante em dificuldade é apontada pelo professor de educação física Marcos Silva Lima, 38 anos, como sua maior frustração. Uma garota que foi sua aluna da 5ª à 7ª série ficou grávida aos 15 anos. “Ela precisou abandonar a escola porque enfrentava problemas financeiros. Me senti um inútil porque não pude contribuir”, revela Marcos.

Ele observa que as faculdades da área de educação não dão embasamento para que os futuros professores saibam como lidar com situações difíceis e de conflito com as quais se depararam ao longo da sua atividade profissional. “Eles não têm habilidade para promover uma aproximação com a família nem suporte para contornar situações delicadas”, diz.

A fragilidade da formação acadêmica, aliada à falta de estrutura física, na opinião de Marcos, é o grande entrave da educação pública hoje. Ele aponta, por exemplo, a lenta evolução da forma de ministrar aula. Passou-se do giz para o pincel atômico. No entanto, o uso de ferramentas de informática para tornar as aulas mais dinâmicas e atraentes ainda é uma realidade distante.

Enquanto não é possível contar com a tecnologia, vale o improviso e a criatividade.

Marcos conta que a escola onde ensina, em Periperi, tem um espaço físico bastante limitado.

Então, ele aproveitou a proximidade da praia para organizar atividades esportivas e jogos neste ambiente ao ar livre. “Foi um sucesso. A aceitação foi grande e isso foi muito significativo na minha carreira. Fiquei emocionado”, revela o professor de educação física.

“Apesar da evasão e dos problemas, os alunos têm a escola como referência, porque para eles representa a possibilidade de mudança. Há bons profissionais com disposição para encarar os desafios e tentar construir uma educação que possa aproximar mais os alunos”, finaliza Marcos Lima. ( A. O.)

 

 

TRIBUNA DA BAHIA

15 de outubro de 2007

Ao mestre, com carinho

  Por Noemi Flores

Hoje é o dia de homenagear àquele que dá ensinamento e até prepara para a vida: o professor. A data é comemorada há 180 anos, a partir de um decreto imperial de 15 de outubro de 1827 sobre a primeira Lei Geral do Ensino Elementar, outorgado pelo imperador Dom Pedro. A lei se tornou um marco para categoria, pois regulamenta a descentralização do ensino, remuneração dos professores, ensino mútuo, currículo mínimo e admissão.
Hoje o país possui 1,5 milhão de profissionais, de acordo com o MEC, que têm como meta ensinar os alunos as disciplinas, mas também orientá-los para que encontrem a maneira mais eficiente de adquirir o aprendizado, ou seja ajudá-los a estudar.
Com o passar dos anos e com o advento da tecnologia, os professores se aprimoraram cada vez mais. Inclusive a exigência de nível superior para todos os mestres se tornou lei. Hoje para ser professor primário tem que se concluir o curso Superior Normal ou de Pedagogia. Na lei 9394/96, no Título VI Dos Profissionais da Educação, consta nos artigos que tratam da formação dos docentes o seguinte: art. 62, “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”.
Porém, com todas as adversidades e queixas, principalmente em relação aos baixos salários, não condizentes com seu aprendizado e seu dia-a-dia de trabalho, o professor é também quem cria cidadãos para o futuro. Depois dos pais, são os professores que orientam as crianças para a vida. Uma profissão sujeita a críticas e aceitação, que acompanha ao longo a vida das pessoas, seja no jardim de infância, no primário, segundo grau, cursos técnicos, faculdade, pós-graduação e mestrado. O trabalho do professor não se restringe somente em dar aulas. Diferente de outras profissões, ele leva o trabalho para casa. A dedicação é fundamental nesta profissão, ou seja preparando as aulas em casa, ou corrigindo as provas dos alunos. Sem falar no aperfeiçoamento da disciplina que ensina.
Sempre há quem recorde com ternura de um professor que marcou sua vida. É o caso da contadora Tatiane Oliveira, 28 anos, que diz “quem me impulsionou a gostar de matemática foi o professor Antônio Carlos, do Iceia. Até a 5a série nunca gostei de matemática porque não aprendia e sempre me dava mal. Mas, nesta série, fui aluna dele. Aí soube o que era matemática mesmo. Muito brincalhão, na hora de dar bronca ele dava, mas na hora do elogio, ele elogiava”, lembra.
Considerado o mestre dos mestres em Português, uma das figuras mais lembradas por ex-alunos é o professor de Português, Raul Sá, já falecido, que ensinou em várias escolas da rede pública e faculdades nas décadas de 60 e 70. É o que conta a enfermeira Ângela Santiago, 53 anos. “Para mim não existe mais professor de Português como Raul Sá. Inclusive, ele tirava dúvida da gente até por telefone, que atendia prontamente. Me recordo dele ainda, andando pelas ruas de Salvador, no centro da cidade, vestido de branco e carregando seu guarda-chuva chovesse ou fizesse sol”, recorda.
A publicitária Catarina Borges, 46 anos, lembra com carinho da sua professora de francês Ruth Larré. ” Professora dedicada, ouvia um por um dos alunos da primeira série ginasial dos idos anos 70, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Sempre dizia, vocês devem pensar em francês para poder falar no idioma. Minha professora por dois anos, na época lemos o “Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry , em francês. Aprendi o básico com ela, prossegui tendo a disciplina com outros professores. Até hoje sei o idioma”, revelou.
A professora Alena Cairo, da disciplina Oficina de Leitura Escrita, da Faculdade Jorge Amado, foi considerada um exemplo de vida pela estudante de Jornalismo Silvana Cardoso, 26 anos, que fala “uma das melhores aula é com ela. Esta é a opinião unânime. Apesar de não fazermos mais esta disciplina, eu e meus colegas sempre lembramos das aulas dela. Uma pessoa jovem, que passou por momentos terríveis na vida, mas não perdeu o amor pela vida e o ensino, afirmou.
Valorização dos profissionais

Tratamento de higienização facial, drenagem linfática facial e abdominal, esfoliação, bandagem e massagem modeladora. Esses serão alguns dos serviços oferecidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Unime aos professores da instituição hoje, das 14h30 às 19h, em comemoração ao Dia do Professor.
O objetivo, segundo a coordenadora da ação, professora Rachel Trinchão, é valorizar os profissionais de educação da Unime melhorando sua auto-estima. “A auto-estima está diretamente ligada ao bem estar pessoal e profissional. A fisioterapia Dermato-Funcional pode ajudar nesse aspecto a partir do momento que também foca os tratamentos estéticos corporais e faciais. E, nada melhor que um tratamento de beleza para prestarmos essa homenagem”, conta a professora.
Segundo Rachel, durante a tarde cerca de cinqüenta professores deverão ser atendidos pela equipe composta por seis alunas. “Nosso objetivo é tornar o Dia do Professor mais especial e é bom lembrar que o atendimento será para homens e mulheres”, diz.

 

 

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