Chuva danifica Colégio Central

Legenda da foto: Balde apara goteiras no salão nobre do colégio centenário

 

Foto de: Walter de Carvalho/Agência A TARDE

Texto de: Mary Weinstein, do A TARDE

Chuva danifica prédios antigos do Colégio Central

 

A água empoçada no telhado dos prédios antigos do Colégio Central, na Avenida Joana Angélica, faz com que as goteiras sejam intermitentes mesmo quando não está chovendo. Nessas condições, o Estado corre o risco de perder o mobiliário, pinturas e cristais, e de ter danificadas as edificações representativas de vários períodos do século passado. As aulas chegaram a ser paralisadas.

O Salão Nobre Manoel Devoto, no segundo andar do Pavilhão Conceição Menezes, que é o mais antigo, construído em 1900, está encharcado. As gotas caem no meio da sala, sobre um taboado de madeira que, em alguns trechos, já está abaulado.

As cadeiras, poltronas e sofás forrados com veludo vermelho foram afastados, alguns tardiamente, para que não se estragassem com a umidade. As cadeiras acolchoadas e forradas com couro mantêm-se em boas condições. O lustre de cristal está intacto, por enquanto. A preocupação é a de que se desprenda do teto e despenque.

Gênios – Nas paredes, as pinturas que retratam gênios da humanidade como Goethe, Racine, Camões, Shakespeare e outros, estão sendo praticamente lavadas pelas chuvas. Na sala vizinha, que é o gabinete do diretor, há escrivaninhas e estantes de madeira trabalhada, entre goteiras. “Nada aí tem menos de 40 anos”, afirma o diretor Jorge Nunes.

No Pavilhão Carneiro Ribeiro, de 1928, interligado por um passadiço no primeiro andar e por um corredor no térreo, as salas de aula também têm pé direito duplo e janelões de madeira que garantem a boa circulação do ar para os alunos. Nelas, as chuvas também provocam alagamentos.

As portas de madeira, têm bandeiras em gradil de ferro trabalhado. O piso nessas salas é sempre em ladrilho hidráulico, limpo e íntegro. Parte do piso nos corredores está molhada. Também há vazamentos no Pavilhão Rio Branco, de 1911.

“Se não houver uma reforma substancial, há risco de perder o patrimônio. É cinematográfica essa escola, não é?”, constata o diretor do colégio, Jorge Nunes Sacramento.

“Isso tudo é história e, só por estudar aqui, me sinto fazendo parte dela. Não importa se é novo ou velho, deve ser cuidado”, disse o estudante Adalisson Carvalho, 19 anos.

Solução – Em caráter emergencial, a reforma de telhados, que já estava prevista antes das chuvas, e a poda de árvores, para evitar entupimento de calhas, foram priorizadas e começaram a ser feitas, segundo informou o diretor Jorge Nunes Sacramento.

As obras em todos os prédios que estavam em andamento vão continuar. No ano passado, houve manutenção e reforma nos pavilhões Dalva Mattos e Carlos Santana. E estas prosseguirão para serem concluídas ainda este ano. Não mais haverá interrupção de aulas em decorrência da reforma, conforme assegurou o diretor.

Tombamento – A coordenadora de Projetos Intersetoriais da Secretaria Estadual de Educação, Nide Nobre, disse que existe um projeto do próprio Colégio Central para tombamento do acervo antigo. “E é óbvio que quando se pensa em tombamento estão querendo reconhecer a importância do colégio. É um projeto belo, para manter a memória do Central. A Secretaria considera essa uma ideia pioneira do atual diretor. Eu acredito que não basta tombar o acervo. Seria preciso tombar o próprio colégio”, ponderou a coordenadora.

“Se o patrimônio material se perde, imagine o imaterial. Há um grande interesse do Estado em desenvolver a educação patrimonial. A secretaria ainda não pediu o tombamento, mas estamos costurando essa composição, discutindo e pensando o patrimônio de vários colégios”, disse a coordenadora.

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