Faz-se, inicialmente, uma longa retrospectiva sobre as contribuições de Anísio Spínola Teixeira para a educação e a cultura brasileira, com vistas a demonstrar os conflitos entre ele e setores conservadores que, por mais de quarenta anos, enfrentaram sua tentativa de generalizar a educação pública e gratuita de qualidade no Brasil. Merece destaque a compreensão de Anísio sobre o papel da escola pública na construção e consolidação da democracia, segundo as concepções dos educadores norte-americanos John Dewey e William Kilpatrick, que foram seus professores no Teachers College da Universidade Colúmbia, em Nova Iorque.
Na sequência, apresenta-se, o resultado de uma pesquisa desenvolvida durante 30 anos pelo autor, agora concluída, segundo a qual o educador Anísio Teixeira não morreu em consequência de queda em um fosso de elevador no Edifício Duque de Caxias, na Rua Praia de Botafogo, 48, no Rio de Janeiro, entre os dias 11 e 13 de março de 1971. A queda no elevador (acidental, ou provocada) havia sido a explicação dada pela imprensa a serviço da ditadura militar, que conseguiu prevalecer por quase meio século. Com este livro, a farsa é definitivamente desmascarada, a partir de dados encontrados pela Comissão Nacional da Verdade.
Vivia-se no país uma época tenebrosa, após a edição do Ato Institucional número cinco, o AI-5, de 13 de dezembro de 1968. Avolumava-se a escalada de truculência, arbítrio, prisões, torturas, sequestros e assassinatos, a cargo da ditadura militar. Paralelamente, ampliava-se a resistência, com brasileiros de variadas posições sociais em busca de formas de se opor à ditadura, dentre as quais, no caso mais extremo, o confronto armado com o regime que derrubou o Presidente João Goulart, em 1964.
Relata-se a sequência de fatos acontecidos a partir do desaparecimento do educador, no final da manhã de 11 de março de 1971, provavelmente sequestrado no percurso que fazia, a pé, entre a Fundação Getúlio Vargas e a residência do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, na mesma rua Praia de Botafogo.
Apresentam-se as primeiras providências tomadas por familiares, após a confirmação da morte do educador, no final da tarde do dia 13 de março de 1971, dois dias após seu desaparecimento. Tudo leva a crer que o corpo de Anísio Teixeira foi levado e acomodado na parte inferior do fosso do elevador, sendo falsa, portanto, a versão difundida pela imprensa de que a morte se deu em decorrência de queda de um andar superior do prédio, quando não há certeza sequer sobre se ele subiu pelo elevador, haja vista que ninguém o viu entrar no prédio nem ele não chegou ao apartamento de Aurélio Buarque, onde iria almoçar com Aurélio, no dia 11 de março.
Explica-se, de forma precisa e minuciosa, que é muito provável a hipótese do assassinato de Anísio, por conta de razões políticas. Essa possibilidade é tratada em detalhes no capítulo IX. No entanto, a despeito das indicações consistentes sobre o suposto crime político, elas não autorizam o autor a conclusões irrefutáveis sobre o assassinato. Além de questões ainda pouco exploradas na biografia de Anísio, integradas com o intuito de mostrar a intensidade dos embates que o educador travou com as forças conservadoras brasileiras, a principal contribuição do livro é provar que Anísio Teixeira não sofreu a queda que era tida como causadora de sua morte.
Minicurrículo do autor:
Nascido em Gentio do Ouro – Ba, João Augusto de Lima Rocha, Professor Titular da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, aposentou-se em 2017. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da UFBA, 1972; Mestre em Engenharia Civil (Estruturas) pela COPPE-UFRJ, 1976; Doutor em Engenharia de Estruturas pela USP-São Carlos, 1999; Presidente da Associação dos Professores Universitários da Bahia, hoje APUB-Sindicato, 1985 -1987; Diretor Executivo da Fundação Anísio Teixeira, 1989-1992; Pro-Reitor de Ensino de Graduação da UFBA, 1992-1993; Em 1989, liderou o processo de organização da Fundação Anísio Teixeira, na Bahia; Organizou a obra Anísio em Movimento – as lutas de Anísio Teixeira pela educação e pela cultura no Brasil, editada pela Fundação Anísio Teixeira, que contém, além de textos do educador, depoimentos de reconhecidas personalidades da cultura brasileira sobre ele, 1992; O Senado Federal a reeditou, em 2002, em sua prestigiosa coleção Biblioteca Básica Brasileira; Em 2010, publicou a obra Anísio Teixeira e a Cultura – subsídios para o conhecimento da atuação de Anísio Teixeira no campo da cultura; É autor de dezenas de artigos, vídeos e palestras sobre a vida e a obra de Anísio Teixeira.
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