A mulher educadora e a responsabilidade de semear

A mulher educadora e a responsabilidade de semear

Semear

Por Régina Galeno

Em um cenário social no qual a globalização econômica e a introdução acelerada de novas tecnologias passam a exigir aprendizagens imprescindíveis para o desenvolvimento e a melhoria da vida da população, verifica-se que ainda é tímido o número mulheres contempladas com a possibilidade de acesso a uma educação pública e de qualidade.

Segundo a União Brasileira de Mulheres, homens e mulheres não têm a mesma inserção no mercado de trabalho – 43,9% delas estão no mercado de trabalho, mas, em geral, não têm carteira de trabalho assinada.

A discriminação é ainda maior quando se trata das afrodescendentes que representam cerca de 56% das trabalhadoras domésticas e recebem salários mais baixos que as outras trabalhadoras. O IBGE aponta, no último censo, que as mulheres chefiam 1/3 das famílias brasileiras. Destas chefes de família, 20% são analfabetas, 39,8% têm mais de 65 anos, enquanto que 27,4% têm entre 15 e 19 anos e são mães solteiras.

Nesse sentido, somos privilegiadas e vitoriosas, pois conseguimos superar os desafios que nos foram impostos durante nossa vida de mulher.

Como mulheres profissionais da educação, temos um papel essencial. Somos responsáveis pelas sementes do amanhã, que poderão ser fruto de uma geração de pessoas que conquistarão a verdadeira democracia. Segundo Paulo Freire, “a democracia é como o saber, uma conquista de todos. Toda a separação entre os que sabem e os que não sabem, do mesmo modo que a separação entre as elites e o povo, é apenas fruto de circunstâncias históricas que podem e devem ser transformadas”.

À mulher, educadora de hoje, compete o desafio de refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível e criar alternativas pedagógicas que favoreçam o aparecimento de um novo tipo de pessoa: solidária, preocupada em superar o individualismo e contribuir para um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa, mais igualitária.

Por isso, somos semeadoras e não podemos fugir da responsabilidade de semear. Não digamos que o solo é áspero, que chove freqüentemente, que o sol queima ou que a semente não serve. Não é nossa função julgar a terra e o tempo. Não importa o campo de trabalho, quer na empresa, na instituição escolar, na área de pesquisa, enfim, nas diversas atuações da mulher, nossa missão é semear.

A semente é rica! Um pensamento, um sorriso, uma promessa de alento, um aperto de mão, um conselho, um pouco de água, o diálogo são sementes que germinam facilmente. Semeemos com interesse, com amor, com atenção, como quem encontra, assim, o motivo central de sua felicidade.

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