A Central dos Trabalhadores do Brasil e a unidade sindical

Unidade na diversidade – este axioma dialético contém a melhor explicação para os novos desafios postos colocados para o movimento sindical a partir da criação, que se acelera, de uma nova central sindical. A iniciativa partiu da Corrente Sindical Classista e do Sindicalismo Socialista Brasileiro (tendência sob influência do Partido Socialista Brasileiro) e inúmeros sindicalistas, grande parte deles ligados aos trabalhadores rurais.
A decisão pela nova central, anunciada em julho, consolidou-se nos meses seguintes e foi aprovada unanimemente pelo 7º Encontro da Corrente Sindical Classista, realizado em Salvador (BA), no final de setembro. O passo seguinte foi o lançamento da nova central, provisoriamente batizada como Central dos Trabalhadores Brasileiros, realizado no sindicato dos Marceneiros de São Paulo, dia 15 de outubro. Com uma grata surpresa para os cetebistas: a adesão de mais de 670 presidentes de sindicatos (entre eles muitos líderes de federações de trabalhadores), número que poderá chegar a mil até 12 de dezembro, data prevista a abertura do congresso de fundação da nova central, marcado para Belo Horizonte (MG). Há informações que cerca de um quarto dos sindicatos filiados ligados à CUT vão aderir à nova central.
O desafio que está colocado é a reconstrução, em bases mais avançadas, da unidade do movimento sindical. Quando o movimento sindical retomou a iniciativa, no final da ditadura militar, uma das principais questões enfrentadas foi a construção de um movimento unitário. Ela não aconteceu e surgiram, no começo da década de 1980, duas centrais: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT).

 

A Corrente Sindical Classista foi fundada em 1988 num esforço de reunir os sindicalistas que defendiam um programa para além da agenda corporativa que então predominava – por isso se denominaram “”classistas””, comprometidos com os interesses imediatos e também com os interesses futuros, anti-capitalistas, reforçando o vínculo entre as lutas econômica e política dos trabalhadores.
Quando a CSC aderiu à CUT, em 1991, ela ajudou a aumentar sua representatividade e realçou seu perfil pluralista. Rapidamente a CSC ganhou destaque, tornando-se a segunda tendência filiada a ela; no último Concut, a chapa liderada pela CSC teve mais de um quarto (26%) dos votos para a direção da central.
Agora as divergências, antigas, chegaram a um ponto inconciliável. Elas cresceram desde a decisão da corrente hegemônica da CUT de negociar com o governo de Fernando Henrique Cardoso um acordo da Previdência Social lesivo aos interesses dos trabalhadores. Seu auge se expressou no 9º Concut, de 2006, quando a tendência majoritária da CUT rompeu com a legalidade interna da central e afastou a CSC da direção CUT-BA, impediu que a tendência classista mantivesse o cargo de vice-presidente da CUT e agiu para enfraquecê-la em outros Estados, colocando obstáculos para o crescimento e fortalecimento da corrente classista.

 

Estava pavimentado o caminho que levaria à fundação de uma nova central, comprometida com as lutas econômicas e políticas dos trabalhadores. Mas, apesar das divergências, a CUT não perdeu nem seu papel nem sua importância na luta dos trabalhadores. Daí o desafio da construção da unidade sindical em um novo patamar. A CUT será a principal aliada da CTB no fortalecimento da unidade e da luta dos trabalhadores. A CTB, garantem seus principais líderes, não será uma central de oposição à CUT. “”Esse ato não é contra ninguém. Queremos a unidade de movimento sindical e criaremos a central em nome dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil””, disse Joilson Cardoso, secretário sindical do PSB na solenidade do dia 15 de outubro.

 

O desdobramento deste movimento desenha um cenário de grandes mudanças, e o surgimento da CTB com certeza vai provocar um rearranjo entre as centrais sindicais, que está implícito na proposta feira por João Batista Lemos, coordenador nacional da CSC. “”Nosso desafio””, disse ele, “”é convocar uma nova Confederação das Classes Trabalhadoras para firmar uma pauta conjunta de lutas com todas as centrais””.

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