Artigo da professora Helena Castro Ferreira: "Produção do fracasso"

Artigo da professora Helena Castro Ferreira: "Produção do fracasso"

Professora Helena Castro Ferreira

Produção do fracasso

Por: Helena Castro Ferreira*

A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia, a autora, depois de fazer análise das raízes históricas das concepções sobre o fracasso escolar do jogo do poder social no ambiente da política e da religião, enfatiza a habilidade de classes sociais que se sentem mais poderosas, privilegiadas, mais habilidosas e conseqüentemente, no direito de determinar princípios e normas que servem de parâmetro igualar ou desigualar quanto suas aptidões.

É neste contexto social e histórico que os preconceitos e conceitos de eficiência e deficiência, normal, anormal, e patológico revestem-se de sentido, graças ao imaginário social com base em um ideal de homem que desempenha suas funções sociais. Surgem as teses mais diversas possíveis

Segundo PATTO, Maria Helena Souza (1990), o fracasso escolar como um processo psicossocial complexo, engloba uma série de fatores que vai desde a inadequação da escola ao fator social que envolve a comunidade docente. Sendo assim, o fracasso da escola pública é o resultado de um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos à realização de seus objetivos, e é feito por um “discurso científico escutado em sua competência, naturaliza esse fracasso aos olhos de todos os envolvidos no processo“. Como o sistema educacional não consegue eliminar o sujeito, muitas vezes, o silencia.

De acordo com a autora, a concepção do fracasso escolar que o Sistema Educacional aponta, está direcionada aos seguintes vários fatores. O primeiro é visto como problema psíquico: culpa criança por ser imaturidade, o que causa problemas emocionais, bloqueando capacidade cognitiva. Um outro fator apresentado, refere-se aos os pais, que vivenciando conflitos familiares, reportam para seus filhos esses problemas,  causando-lhes prejuízo na sua aprendizagem.

O terceiro ponto elenca o professor que, muitas vezes não aceita o que as experiências trazidas pelo aluno, desvalorizando o saber que a criança traz consigo. Como conseqüência, a criança sente-se desvalorizada e, aos poucos se isolam por medo de ser criticadas, achando-se incapaz de se comunicar.

O quarto e último fator apontado por esse sistema educacional é a escola; que é vista como modelo excludente, castrador das relações interpessoais, incapaz de solucionar problemas relacionados, principalmente, à violência no interior da instituição.

Logo o fracasso escolar não pode ser visto de forma generalizada, a escola não é a mesma, pois cada uma traz sua singularidade, o mesmo acontece com os discentes cada um apresenta sua idiossincrasia. Sendo assim, muitas podem ser as causas para que isso aconteça e estas mesmas gêneses podem se apresentar de forma diferente em situações diferentes.

*Professora Helena Castro Ferreira – diretora do Núcleo de Simões Filho da APLB-Sindicato

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